Mais do que tornar mundialmente conhecida uma casta autóctone, por muito boa que ela seja, Portugal precisa, primeiro, de se dar a conhecer como produtor de vinhos de qualidade. Para que a mensagem comece a passar, o país precisa de lançar mãos de todos os seus melhores trunfos, não de uma casta só, e esses são o vinho do Porto, o Madeira, o Moscatel de Setúbal, os grandes tintos de lote, os grandes brancos monovarietais, a diversidade de castas, a tradição, a gastronomia e a paisagem.
Segundo os ecos que saíram da conferência, foi precisamente essa a ideia defendida por alguns dos especialistas convidados. A Touriga Nacional é uma grande casta, sobretudo em lote, mas como casta bandeira é um mito sebastiânico.
Vinho molecular no lugar de Vinho do Porto
O jantar de gala da Wines Of Portugal International Conference que decorreu no Palácio da Bolsa, no Porto, terminou com um vinho molecular. Quando seria expectável que o remate da refeição fosse feito com um grande vinho do Porto - onde entra a Touriga Nacional -, o vinho servido foi o FLP 2007, um branco doce bairradino de Filipa e Luís Pato feito por crio-extracção.
O vinho pode ser bom, mas não cabia ali. Com tantos estrangeiros infl uentes na sala, impunha-se um grande Porto Vintage ou um Tawny velho. O problema é que os vinhos do Porto, e os Madeira também, não pagam taxa à Viniportugal, têm promoção própria. Daí a sua ausência do repasto. Quem explica isto a um estrangeiro?