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Mads Damgaard

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Noma, o tenrinho derrubou o mestre (por David L. Ramos em 2010)

Há outros, sendo paradigmática a posição do jornal El País, que, não escondendo a surpresa da escolha, tentam apresentá-la como algo natural - o chefe de cozinha do Noma é alguém que, do ponto de vista técnico, é um herdeiro da cozinha vanguardista de Adrià. Esublinham o facto de, em terceiro lugar, ter ficado o britânico Heston Blumenthal (do restaurante The Fat Duck), outro herdeiro. Ainda mais importante, referem, é que entre as cinco primeiras escolhas há três restaurantes espanhóis: além de El Bulli, El Celler de Can Roca, dos irmãos Joan, Jordi e Josep Roca, e o Mugaritz, de Andoni Luis Aduriz; caso se alargue para os 10 primeiros, ainda há mais um espanhol, o veterano Arzak, de Juan Mari Arzak, o qual, nos anos de 1970, iniciou, com Pedro Subijana, em San Sebastián, o movimento de renovação das cozinhas de Espanha, matriz da actual corrente vanguardista.

Teatro culinário

Seja como for, os espanhóis têm, agora, a possibilidade de provar do seu próprio veneno e, caso sejam capazes, têm ainda oportunidade para meditar sobre a tendência que, ultimamente, muitos dos seus críticos gastronómicos revelavam para passar atestados de vanguardismo e modernidade culinária aos restaurantes do mundo. Viveram os últimos anos de tal modo mergulhados na voragem vanguardística, que não lhes vai ser fácil deixar de olhar para o seu próprio umbigo. É o que se pode concluir do facto de, nos comentários, os jornais espanhóis continuarem a fazer a contabilidade dos que, nos "50 melhores restaurantes", são os da linha bulliana, em Itália, nos EUA, no México, e por aí adiante. Parece perturbá-los pouco que grandes restaurantes, como o Akelarre, de Pedro Subijana (63.º), Sant Pau, de Carme Ruscalleda (68.º), ou El Racó de Can Fabes, de Santi Santamaria (79.º), três dos mais talentosos e consistentes chefes de cozinha espanhóis, sejam tão depreciados.

Segundo os critérios do júri da revista Restaurant, os seus não serão restaurantes que estão na moda. É que, como, numa célebre e polémica intervenção no Madridfusión de 2009, afirmou Santi Santamaria, "há coleccionadores de restaurantes, como há de relógios caros ou automóveis topo de gama". Quem valorizar o showcooking, ou seja, o teatro culinário, gostará da cozinha de René Redzepi, que fez uma demonstração da sua arte na edição de 2009 do Madridfusión. O principal responsável pelo certame, José Carlos Capel, crítico de restaurantes do El País, informa, a pedido do jornal, que o chefe do Noma "elabora pratos muito técnicos com uma notória preponderância vegetal, presididos pelo equilíbrio, a pureza e o contraste de texturas". E continua: "Um exemplo da sua cozinha é o bacalhau preto com pétalas de rosa e molho de mel fermentado ou a salada de raízes e rebentos vegetais com tempero de essência de terra. A comida do Noma não é parecida com qualquer outra."

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