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Gonçalo Cadilhe em El Salvador (2008)

Gonçalo Cadilhe em El Salvador (2008) DR

Gonçalo Cadilhe: novo livro é “uma certa filosofia de viagem”

Por Luís J. Santos

O viajante Gonçalo Cadilhe acaba de lançar "uma obra pessoal", revelando "alguns dos momentos marcantes que o ajudaram a definir a sua carreira de viajante". A Fugas quis saber como nasceu "Encontros Marcados" e, via e-mail, encontrou Cadilhe pelo Oriente, onde continua a percorrer os passos de Fernão Mendes Pinto.

 

"Encontros Marcados": As ilhas no oposto do mundo, por Gonçalo Cadilhe

"Encontros Marcados", o novo livro de Gonçalo Cadilhe

 

Fugas: Por onde anda agora, Gonçalo?
Gonçalo Cadilhe:
Pelo litoral do Vietname, a Cochinchina do Fernão Mendes Pinto, visitando cidades como Hoi An e Hanói que ele diz ter visitado, e emocionando-me com lugares como a baía de Halong que, embora ele não a mencione, certamente terá atravessado nas suas andanças entre Malaca e Japão.

F: Mendes Pinto tornou-se uma obsessão?
G.C.:
Não tanto o homem ou a obra, pois creio que ambos já foram suficientemente estudados quer na sua vertente histórica, quer na vertente literária. Mas, sim, tenho andado bastante obcecado com uma abordagem moderna ao espírito da viagem e às etapas actualizadas da “Peregrinação”. Procuro uma fórmula, uma equação que me permita avançar com um livro que traga algo de novo. Mas não será para breve.

F: O novo livro colige diversos textos por onde perpassa uma certa filosofia da viagem. Como se vê a si próprio como viajante?
G.C.:
Um privilegiado eternamente grato ao destino por ter nascido na época em que nasci, no lado do mundo onde nasci. Quase todos os lugares no planeta estão ao alcance da curiosidade de um português moderno. Basta planear, poupar, estabelecer prioridades e clicar no Google para saber os horários dos comboios lá (risos).

F: Foi difícil seleccionar os textos para o novo livro? Como resumiria o conjunto de crónicas e o que um leitor poderá encontrar nelas?
G.C.:
Acho que essa expressão que usou é muito boa, o leitor encontra “uma certa filosofia de viagem” que é a antítese das férias “tudo incluído”. Ou seja, uma viagem pela vida fora que resulta de encontros, momentos, encruzilhadas do destino, reflexões, decisões. O livro tenta estabelecer uma coerência entre o que fui sendo nos anos e o que provavelmente tentarei vir a ser no futuro. Enquanto no livro anterior, “O Mundo É Fácil – Aprenda a viajar com Gonçalo Cadilhe”, me debruçava sobre as condições que fazem de qualquer pessoa um viajante; neste, debruço-me sobre as condições que fizeram de mim este viajante.

F: É também guia "especial" da Agência de Viagens Aventura e Expedições Nomad. Como vive a experiência de ser a estrela-guia de um grupo, sendo que está mais habituado a viajar sozinho?
G.C.:
No início aceitei o desafio da Nomad por acreditar que iria proporcionar aos meus leitores o prolongamento da experiência que tiveram ao ler, nos meus livros, sobre os destinos que depois iriam conhecer com o autor. Hoje penso o contrário, sou eu como autor que prolongo a minha experiência ao viajar com os leitores.

F: Viajar pelo mundo e relatar as suas descobertas tornou-se, para si, também, um trabalho. De vez em quando sente-se cansado desse "trabalho"?
G.C.:
Sinto-me cansado fisicamente de certas etapas ou meios de transporte ou climas mais duros, mas não me sinto cansado de uma opção de vida. Sinto, no entanto, que sou muito diferente hoje, com 40 e tal anos, do Gonçalo que viajava com 20 ou 30. E nesse sentido, tenho reflectido muito sobre o percurso que quero seguir, dentro do que tenho vindo a construir.

F: Se um apaixonado pelas viagens lhe pedir sugestões de destinos únicos a não perder, quais aconselha?
G.C.:
O melhor conselho é o de não aceitar os meus conselhos, pois o que é único para mim pode ser banal para ele. Aconselho-o a reflectir bem sobre o que lhe interessa na vida e a seguir o seu próprio caminho, a descobrir a sua estrada.

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