"O B.Leza (re)encontra agora o Tejo e o seu público para, com nova casa, receber velhos amigos e com eles cantar a poesia e a magia da cultura lusófona". É assim que se resume o regresso do B.Leza, marcado para 2 de Março. A nova casa fica no Armazém B do Cais da Ribeira, próximo da estação de barcos do Cais do Sodré ou do Espaço TMN ao Vivo. E tem direito a parede de vidro para o Tejo.
Não se espere, porém, reencontrar exactamente o mesmo B.Leza de antes. “Não vale a pena querer voltar ao mesmo sítio onde já se foi feliz”, resumiu uma das sócias do espaço, Madalena Saudade e Silva, à Fugas. Por isso, “não procurámos reproduzir o antigo espaço”. O espírito, porém, veio na bagagem com a mesma direcção da casa de Santos e esse Madalena espera ver reproduzido nesta “nova vida” do B.Leza.
A inauguração “é de entrada livre, estando toda a gente convidada até a lotação esgotar”. Os ritmos serão marcados pela banda residente e pela voz quente de Calú Moreira. Mas é possível que haja surpresas: “Lançámos um desafio às vozes e músicos que passaram pelo palco do antigo B.Leza a aparecerem”, revela a mesma responsável.
O lendário B.Leza começou a viver noites quentes — de música, mas também de uma programação cultural rica em cinema, teatro ou exposições — a 21 de Dezembro de 1995. Estava localizado na sala nobre do Palácio Almada Carvalhais, também conhecido como o palácio do Largo do Conde Barão, em Santos, local que já tinha acolhido antes outras programações de boa memória e marcantes na noite alfacinha: a das Noites Longas, nos anos 80, conduzidas por Zé da Guiné, ou das do clube de música cabo-verdiana O Baile.
Já pelo B.Beleza passariam, entre muitos outros, nomes como Tito Paris (que ali gravou um duplo álbum ao vivo), Celina Pereira, Maria Alice e Dany Silva. A força da música no clube ficaria mesmo registada num disco evocativo, Ao Vivo No B.Leza. As instalações eram subalugadas ao Casa Pia Atlético Clube e, entre alguns desentendimentos, o B.Leza viu-se forçado a fechar portas. Despediu-se em 2007, correram abaixo-assinados, houve reuniões com responsáveis autárquicos e outros, apontaram-se alternativas, mas o B.Leza não voltou a ter casa própria. Mais tarde, tornar-se-ia nómada, com sessões pontuais em diversas casas da cidade, como no Maxime e, mais recentemente, no Teatro do Bairro.