Um vídeo oficial do Turismo de Portugal premiado internacionalmente mostra uma panorâmica manipulada do centro de Lisboa, com ruas e edifícios da capital repetidos na montagem. Depois de o caso ter sido noticiado pelo «Expresso», o Turismo pediu explicações à produtora do filme promocional.
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Ao longo dos mais de quatro minutos do vídeo The Beauty of Simplicity (A Beleza da Simplicidade), sucedem-se imagens de paisagens portuguesas – das margens do Douro ao golfe no Algarve ou dos campos alentejanos às lagoas dos Açores. Um olhar atento à filmagem panorâmica de Lisboa que surge ao minuto 2,59, porém, permite detectar uma manipulação da rua Braamcamp.
Esta rua, uma das vias que parte do Marquês de Pombal, é, nas imagens adulteradas, atravessada por edifícios e espaços idênticos aos que envolvem e estão próximos da rotunda do Marquês de Pombal, incluindo o Parque Eduardo VII.
Durante alguns segundos, a rua parece ser uma avenida comprida, como que um prolongamento de uma outra que contacta com a rotunda do Marquês de Pombal, efeito que é possível pela “clonagem” de prédios e espaços.
Segundos antes desta panorâmica, surge um plano mais próximo daquela área, onde se vêem a rotunda do Marquês de Pombal e a rua Braamcamp sem aparentes alterações.
A manipulação das imagens foi noticiada pelo Expresso, levando o Turismo de Portugal a pedir esclarecimentos à produtora Krypton Films, a quem a entidade encomendou o vídeo promocional.
O semanário deu conta desta modificação com base nas explicações de Pedro Rocha, engenheiro electrotécnico que se apercebeu da alteração quando reparou que algo não batia certo com a geografia da rua Braamcamp.
Pedro Rocha, que, segundo o Expresso, se dedicou à análise de imagem e algoritmos naquele que é o actual Laboratório Nacional de Engenharia e Geologia (LNEG), explica que "entre os minutos 2,59 e 3,03 aparece uma rua que não existe em Lisboa". A adulteração da imagem, disse ao semanário, "é bem feita e produzida certamente com o intuito de impressionar devido ao efeito da parte nocturna".
O Turismo de Portugal recordou à Lusa que o "problema detectado incide sobre uma ínfima parte das imagens, não interferindo no valor estético e promocional" do vídeo, de cariz publicitário e de "elevada qualidade".