Tem 16,5m de altura, demora uns 30 minutos a insuflar e é um grande viajante. Além de ser, claro, um grande pato. Vai chegando, em diferentes versões, a cidades de todo o mundo e, na semana passada, pousou em águas de Hong Kong, originando mais um "splash" mundial. É que este "Rubber Duck", criado pelo holandês Florentijn Hofman, na sua aparente simplicidade, tem o condão de atrair todos os olhares. E de funcionar como um imenso e simpático "alien" que dá uma nova perspectiva, tão surreal quanto quase-disney, a qualquer cenário.
"O 'Rubber Duck' não conhece fronteiras, não discrimina ninguém e não tem conotações políticas", sublinha Hofman (entretanto confirmado como participante no 180 Creative Camp, que se realiza em Julho em Abrantes) na apresentação do projecto, que, na prática, não podia ser mais básico. Materiais: pato de borracha insuflável gigante, gerador, barcaça. Mas este "amigável e flutuante" pato de borracha, garante o artista, tem até "propriedades terapêuticas" e pode mesmo "aliviar tensões mundiais". Entre os motivos para tal façanha, está a sua capacidade para obrigar os espectadores a rever perspectivas a partir desta desemesurada criação que remete à infância.
O "patão" tem viajado pelo mundo desde que foi produzido pela primeira vez, em 2007. Tem sido avistado, em versões, dimensões (dos 5m aos 26m, já houve tamanho para tudo) e projectos vários, por diversos pontos da Holanda, pela França (Saint-Nazaire), Brasil (São Paulo), Nova Zelândia (Auckland), Austrália (Sydney), Alemanha (Nuremberga) ou Japão (Osaka e Hiroxima).
Em cada sítio que o pato aparece é certo e sabido que não faltam relatos de alegria de miúdos e graúdos, além de uma torrente imparável de fotografias. E, claro, de aproveitamentos turísticos e comerciais de todos os géneros, embora não oficiais. Hong Kong é o exemplo perfeito deste efeito. Assim que chegou a Victoria Harbour, o pato tornou-se um fenómeno mundial, na net é um caso sério viral e, de facto, cai que nem uma fábula no cenário do porto, barcos e “skyline".
Mas, mais do que isso, não falta pela cidade quem tente lucrar com o pato. Como conta o "South China Morning Post", diversos comerciantes apanharam a onda: vendem-se t-shirts, pratos de arroz de pato inspirados no trabalho de Hofman, restaurantes anunciam ter a "melhor vista" para o pato, promovem-se patos em cristal Swarovski, telefones em forma de pato, t-shirts, "merchandisings" pouco oficiais. O centro comercial The One abriu mesmo uma secção "com todos os seus produtos relacionados com patos", conta o jornal, que adianta ainda que pelo menos uma agência de viagens está a vender programas de um dia com um pequeno cruzeiro em redor da estrela.
Por mais básico que o pato de Hofman possa parecer a muita gente, sublinhe-se que o artista leva muito a sério o seu trabalho e tem regras criteriosas para aceitar convites para levar a sua criação a viajar. O objectivo parece ser manter a essência do pato. "Deve ser sempre mostrado a todo o público, nunca pode ser usado para uso privado", diz. "Não podem ser comercializados produtos [de merchandising]", "tem de estar sempre na água" e "deve ser produzido localmente".