"Är du Klaus-Heidi?" A pergunta andou a ecoar pela Suécia nos últimos meses. "É você Klaus-Heidi?" perguntava a Lufthansa numa campanha que chegou a vacilar pela força da polémica. A ideia da companhia alemã era simples: promover os voos Estocolmo-Berlim num mercado altamente concorrencial disputado por cinco empresas aéreas.
Por esse lado, o resultado terá sido positivo: a proposta da empresa tornou-se vox populi. Por outro, houve quem ficasse ofendido. Mas, na verdade, a companhia nem esperava que houvesse respostas (ou pelo menos tantas) a este concurso que oferecia "uma vida nova em Berlim" a quem mudasse o nome ou incluísse este dois dos mais comuns nomes (masculino e feminino) alemães. Ainda assim, está encontrado o vencedor. Adivinhou. É o Klaus-Heidi.
No caso, Michael (Klaus-Heidi) Andersson. Este jovem de 24 anos, como é fácil de adivinhar, é uma das primeiras pessoas com este nome existentes na Suécia. Aliás, no mundo, já que o nome, assim conjugado, não existia. Até agora. Actualmente, já há 42. Aqueles que concorreram ao invulgar concurso da Lufthansa.
A competição foi lançada em Outubro e, resumindo, bastava mudar oficialmente o nome - o que provaria o quanto desejava ser "um verdadeiro berlinense" - e enviar uma explicação com os fortes motivos que levaram a tomar tal atitude. Quem tivesse a coragem de fazê-lo (e o site do passatempo permitia até fazer download do formulário oficial sueco para pedir a mudança de nome) habilitava-se ao derradeiro prémio: voo de ida para Berlim, um apartamento de luxo pago durante um ano em Berlim, curso de alemão, passe turístico para a cidade, voos domésticos na Alemanha (Frankfurt e Munique).
O detalhe dos prémios ia ao ponto de descrever o apartamento (até mostrando a sua localização precisa no Google Maps e no Airbnb): 70m2, 4.º andar, varanda, entre os apetecíveis e cosmopolitas bairros de Kreuzberg e Neukölln, quarto com cama de casal, mobília moderna, cozinha totalmente equipada, casa de banho com banheira, Internet sem fios de alta velocidade... O portefólio de prémios para esta "nova vida em Berlim" inclui até um bicicleta personalizada - com o "seu novo nome" inscrito - e capacete a condizer.
A proposta tornou-se viral e, provavelmente com receio de demasiadas más reacções, o concurso até foi fechado um mês antes do prazo. Ainda assim, tornou-se um tema popular na Suécia e na Alemanha e corre mundo (basta uma pesquisa no Google: para um nome que não existia, o buscador sugerir uns 260 mil resultados é obra). Até porque a revista americana The Atlantic lhe dedicou um grande artigo que está a ajudar a internacionalizar ainda mais o tema. Uma campanha "simples e um pouco absurda, mas de um modo positivo", na perspectiva de Magnus Engvall, responsável de marketing da Lufthansa, segundo comentou o próprio à revista.