Cortar o cabelo, aparar a barba, jogar uma partida de snooker ou ler um livro enquanto se saboreia uma cerveja. É este o conceito d’ O Purista- Barbière, cervejaria-barbearia temporária que ocupa espaços do antigo Convento da Trindade (e próximo da cervejaria homónima) e que surge à volta da apresentação da Affligem, marca que a Central de Cervejas está a distribuir e a promover em Portugal. O local não podia ser melhor escolhido, já que a Affligem em questão, uma cerveja com quase mil anos de história, deve a sua criação a monges belgas.
É toda esta história e tradição que serve de mote ao Purista. O ambiente conventual é assegurado pelo próprio monumento mas também por uma decoração marcada por mobiliário vintage, velas e candelabros, carpetes e obras de arte barroca, brasões e armaduras ou velhos livros, além de uma parte decorada a garrafas de cerveja. O espaço reparte-se pela área de barbearia, de bar, de sala de jogos e de leitura.
Para qualquer visitante, apesar do foco estar na promoção da cerveja, a atracção maior é, de facto, a união entre cervejaria e barbearia. A arte da barba e cabelo é assegurada por Mike Venturas, barbeiro que tem no currículo 14 anos de experiência e com barbearia própria em Moscavide. “É uma forma diferente de expandir e mostrar a arte da barbearia”, diz-nos Mike que confessa estar a “adorar a experiência”.
Já a arte da cerveja, especialmente de servir esta “cerveja única”, como nos garantem, graças à sua dupla fermentação (sendo a segunda realizada na garrafa), fica nas mãos de Francisco Donas Botto, “mestre-de-cerimónias”, como se apresenta, deste espaço lisboeta.
É uma cerveja, resume-nos Botto, que, mais que “para ser bebida” é “para ser degustada”. O “mestre” Botto adianta ainda que a completa apreciação desta cerveja exige o ritual adequado: com a garrafa sempre na vertical, verte-se num copo tipo cálice, a uma inclinação de 45 graus, cerca de 90% do líquido. Em seguida deve-se agitar suavemente a garrafa, servindo os restantes 10% num copo mais pequeno. Depois os dois copos poderão ser bebidos em separado ou misturados consoante o gosto pessoal de cada um. Os 10% dizem respeito à “alma da cerveja”, onde estão presentes os verdadeiros valores da receita. Já os restantes 90% são a parte que se deve beber de uma forma relaxada e “nas calmas”.
Segundo Botto, a Affligem (que aqui se bebe por 3 euros) é uma cerveja diferente do hábito lusitano: tem um teor alcoólico elevado, cerca de 6,8%, e deve ser servida a cerca de 8 ou 9 graus, “temperatura a que nós não estamos habituados, aqui as cervejas são servidas geladas”.
E como estão a reagir os visitantes a este casamento entre barbearia e cervejaria? Rogério, um turista brasileiro, conta-nos que foi a presença do barbeiro que lhe chamou a atenção e não poupa elogios, confessando mesmo estar a “adorar a experiência”. Já Vítor, um alfacinha de gema, diz-nos que é a primeira vez que visita o Purista mas que quer, “decididamente”, voltar. E faz questão de deixar um desabafo: “espero que o prazo de abertura seja alargado” para poder “aproveitar bem o espaço”.
