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Linha do Tua, fotografada em Dezembro de 2007

Linha do Tua, fotografada em Dezembro de 2007 Paulo Ricca

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Se o comboio regressar ao Tua é apenas para turistas

O receio do autarca de Carrazeda de Ansiães é de que "dentro de um ano a barragem está praticamente concluída e não haja tempo para que todas as medidas compensatórias sejam implementadas, nomeadamente no que diz respeito ao plano multimodal de mobilidade". "Tenho algum receio de que se a obra ficar pronta depois não se faça mais nada", desabafou, mostrando-se "um pouco receoso pelo atraso de algumas iniciativas". 

Ainda assim, José Luís Correia é crítico por "muita dessa gente que defende a linha, que defende o vale, nunca ter passado, antes da polémica, na linha, nunca tenha andado de comboio e nunca tenha passado no Vale do Tua". 

"Porque é que nunca ninguém teve uma iniciativa de a aproveitar turisticamente enquanto ela esteve funcional? Porque é que só se lembram de defender a linha depois de que ela se tornou inviável?", pergunta, sugerindo ali ao lado, no distrito de Vila Real, a Linha do Corgo, também desactivada e que "ninguém se lembra de viabilizar". 

Frustração é o que sente Armando Azevedo, do Movimento de Cidadãos em Defesa da Linha do Tua, que nasceu em 2010 na pequena aldeia de Codeçais, com apenas algumas dezenas de pessoas, e foi um dos que levou o tema à Assembleia da República. "Para mim é uma enorme tristeza ver afundar este vale do Tua com esta linha", desabafou. Entristece-o também a satisfacção de alguns conterrâneos com o serviço dos táxis alternativos ao comboio porque os levam e trazem à porta de casa, bem diferente do caminho esburacado e em terra batida que tinham de fazer para chegar à estação na linha do Tua. "Mas isso não vai durar sempre e esta região fica isolada completamente porque deixa de haver mobilidade", antevê. Quanto ao plano de mobilidade, nunca acreditou nele e vaticina que "já foi todo por água abaixo".

O director da agência, José Silvano, reconhece que o mais visível é o paredão da barragem a crescer, mas lembra que as populações já ganharam o Parque Natural Regional do Vale do Tua, 600 mil euros por ano durante 75 anos do fundo correspondente a três por cento da faturação liquida com a produção de energia na barragem, dois milhões de euros para a construção do centro interpretativo no Tua, e dois milhões para reabilitação de património.
E ainda o programa de empreendedorismo, que vai na terceira edição, e ajudou a criar 72 empresas e 143 postos de trabalho.

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