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Linha do Tua, fotografada em Dezembro de 2007

Linha do Tua, fotografada em Dezembro de 2007 Paulo Ricca

Se o comboio regressar ao Tua é apenas para turistas

Por Lusa

Há oito anos que a incerteza tomou conta do Vale do Tua adensada pelo aproximar da conclusão da barragem sem garantia do prometido plano de mobilidade que até pode devolver o comboio, mas apenas para turistas

Em Fevereiro de 2007, um fatídico acidente ditou o início da trajectória rumo à desactivação do que restava da centenária Linha do Tua e à aprovação de uma barragem com a condição de garantir um plano de mobilidade às populações.

A barragem de Foz Tua está quase pronta, o plano existe, mas ainda ninguém sabe se vai ser executado e mesmo com a recuperação dos carris que não vão ser afogados pela albufeira, o mais certo é as populações ribeirinhas ficarem a ver passar o comboio com os turistas do Douro. 

"Isto é um projecto eminentemente turístico, não é um projecto de transporte de passageiros", enfatizou à Lusa Freitas da Costa, director geral de projecto da barragem, concessionada à EDP. 

A chamada mobilidade quotidiana, a daqueles que anteriormente viajavam de comboio e agora são servidos por táxis alternativos, "vai continuar a funcionar" da mesma forma, segundo ainda aquele responsável. 

A EDP avança que há já planos para a componente turística em articulação com o turismo do Douro e a ideia é que o Tua possa ser explorado pelos mesmos operadores que atualmente fazem os passeios de barco entre o Porto e Barca D´Alva. 

A eléctrica assegura 10 milhões de euros para a componente fluvial deste plano que deixou cair o anunciado funicular para subir os turistas até à cota da barragem porque "representaria custos de investimento, de operação e até problemas de funcionamento do programa". 

Mantém-se o percurso de barco pelos 16 quilómetros entre a barragem e Brunheda e a EDP pretende avançar já este ano com a construção de quatro cais ao longo da albufeira e um quinto no Tua para atracarem os barcos do Douro. A empresa vai também recuperar um pequeno troço de dois quilómetros da linha, a jusante da barragem, para miradouro.

Na incerteza permanece a componente ferroviária do plano de mobilidade que prevê a reabilitação do que restará da via férrea entre a Brunheda e Mirandela, mas que está dependente do financiamento de 20 milhões de euros de fundos comunitários. O projecto está ser desenvolvido na globalidade pela Agência de Desenvolvimento Regional do Vale do Tua e o director, José Silvano, adiantou à Lusa que espera apresentar a candidatura "lá para março", logo que abram as candidaturas ao novo quadro comunitário de apoio. Se não for aprovado, a mobilidade quotidiana continua a ser feita com os transportes alternativos ao comboio. 

Na agência, são parceiras as câmaras de Mirandela, Carrazeda de Ansiães, Vila Flor, Murça e Alijó e a EDP, mas o director não abre mão do comboio, a regressar, servir também as populações. "As exigências que vamos pôr a esse operador é que além do transporte turístico faça também o transporte quotidiano para aqueles que o desejarem, podem não ser muitos, mas para aqueles que o desejarem", afirmou. 

Céptico está o presidente da Câmara de Carrazeda de Ansiães, José Luís Correia, porque "o que se vê crescer no Tua, é o paredão da barragem". A obra, que a Lusa visitou no início de Fevereiro, está no pico com mil trabalhadores, quase um terço da região, e 72 empresas, 10 por cento locais. Um investimento de 408 milhões de euros com a paredão a unir já as duas margens do Tua e a EDP a prever para o início de 2016 o enchimento da albufeira. 

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