Se, durante largos anos, as companhias tradicionais como a TAP optaram por não ceder à lógica das low cost, agora começam verdadeiramente a fazer uma aproximação a este tipo de concorrência, que conseguiu provar que há passageiros dispostos a abdicar de conforto para pagar menos.
Desde a meia-noite desta quinta-feira, a transportadora aérea nacional, detida em 61% por um consórcio privado desde o final de 2015, passou a oferecer uma nova estrutura tarifária aos clientes. Com quatro categorias em económica e outras duas em executiva, a grande novidade é a criação de uma tarifa inferior à mais barata que a TAP vendia até aqui.
De cinco, as possibilidades de tarifa passaram para seis, com a Discount (a mais barata) a aproximar-se mais ainda da oferta das companhias de baixo custo, já que a única bagagem que aceita, sem custos adicionais, é a que o passageiro transporta na mão. Só esta alteração permitirá, de acordo com Paula Canada, directora de marketing da empresa, reduzir “os preços em média 34%”.
A responsável explicou ao PÚBLICO que estas alterações seguem a lógica do que a companhia já tem vindo a fazer nos últimos meses, desde que o consórcio Atlantic Gateway assumiu a gestão. “Há uma orientação para o cliente, que escolhe como quer voar. É um fato feito à medida”, sintetizou, acrescentando que a nova estrutura tarifária coloca a TAP “no pelotão da frente da indústria europeia”, já que soluções semelhantes foram adoptadas, por exemplo, pelo gigante alemão Lufthansa.
Paula Canada assumiu que estas mudanças são também uma resposta às low cost, cujo crescimento “é visível no mercado português”, já há vários anos. As companhias de baixo custo, diz, obrigaram as transportadoras tradicionais “a repensar o seu modelo de negócio e isso foi positivo”.
Mas, além do factor concorrência, há outra razão importante para esta reformulação: responder às necessidades dos clientes, “que são cada vez mais diversificados e que exigem flexibilidade”. As novas tarifas disponibilizadas a partir desta quinta-feira, para voos com partida marcada a partir de 1 de Outubro, podem ser compradas apenas para destinos na Europa e no Norte de África.
Serão sobretudo usadas, prevê a directora de marketing da TAP, em “viagens para grandes capitais europeias, city breaks e muito pelo segmento jovem”. Não serão disponibilizadas para a ponte aérea criada em Março para oferecer viagens frequentes em Lisboa e Porto. Para este serviço só estarão disponíveis três tarifas em económica, assim como para os voos em code-share não serão disponibilizadas as duas mais baixas.
Com a mexida na tarifa Discount, todas as que se seguem na pirâmide da TAP sofrem mudanças, com a companhia a garantir que a redução de preços pode chegar até 53%. Na categoria seguinte, a Basic, o passageiro já pode levar bagagem de porão e, com um custo adicional, tem direito a alterar a reserva sem perder dinheiro.
Na seguinte, a Classic, já ganha a possibilidade de escolher o lugar e, na Plus, passa a ter gratuitamente o acesso ao embarque prioritário e a alteração de reserva, podendo pagar para ser reembolsado. Nas últimas duas tarifas, a Executive e a Top Executive os benefícios são maiores. Na primeira, só terá despesas extra para mudar o voo ou pedir reembolso e, na segunda, está tudo incluído no preço do bilhete.