Não será injusto dizer que todos os anos há uma actividade mais aguardada que todas as centenas de outras que anualmente compõem o programa das Jornadas Europeias do Património. Afinal, os alçapões das galerias romanas de Lisboa só se abrem duas vezes por ano (a primeira em Abril, por altura do Dia dos Monumentos e Sítios). E se antes muitos ficavam horas e horas na fila sem chegar a descer aos subterrâneos da baixa alfacinha, agora as inscrições prévias tendem a esgotar em poucos dias.
Desta vez, o número de pessoas a tentar garantir um lugar foi tanto que a página do formulário de inscrição esteve várias horas em baixo. As vagas esgotaram pouco tempo depois do acesso ao site ter sido reposto, um dia após a abertura das inscrições. No entanto, “tendo em conta a afluência e o interesse revelados, a empresa alargará os horários das visitas e anunciará a possibilidade de novas reservas na segunda-feira”, avançava uma fonte da EGEAC à Lusa esta terça-feira.
A visita às galerias subterrâneas da rua da Prata é, no entanto, apenas uma das muitas iniciativas que decorrem entre 23 e 25 de Setembro um pouco por todo o país. Este ano, as Jornadas Europeias do Património têm como tema as Comunidades e Culturas. Tomando como chavão duas palavras tão na ordem do dia na Europa (e não só), a organização procura extrapolar os acesos debates dos últimos meses para pensar os conceitos num sentido mais lato, integrando as suas diferentes dimensões.
"Todas as comunidades possuem o seu património e os seus valores de referência, mas nunca é de mais recordar que não estão isoladas do tecido cultural, social e económico que as envolve e que as justifica. Compreender os elos de ligação entre o património e a(s) comunidade(s) contribui para a valorização da cultura nas suas múltiplas dimensões", refere o memorando de 2016.
O objectivo é, por isso, “destacar e envolver" nas iniciativas realizadas "as múltiplas formas de comunidade” que estão “preocupadas e vocacionadas para o conhecimento, protecção, desenvolvimento, utilização e organização dos seus próprios ambientes culturais, nas mais variadas formas”. Desde as escolas, bairros ou clubes às associações e organizações não-governamentais, sejam elas de carácter “cultural, religioso, filosófico, científico, desportivo ou recreativo”.
Das visitas para águias e leões a passeios nocturnos no palácio
Durante três dias, multiplicam-se as iniciativas em museus e monumentos do país, tanto no continente como em várias ilhas dos Açores e da Madeira. Só os edifícios sob tutela da Direcção Geral do Património Cultural somam mais de 150 iniciativas gratuitas, às quais se juntam centenas de outras, organizadas pela Direcção-Geral da Autoridade Marítima (com visitas aos faróis portugueses), por autarquias, juntas de freguesia, espaços museológicos privados e diversas associações locais e regionais.
Há ateliers e workshops – uns para miúdos, outros para graúdos; há entradas gratuitas, visitas guiadas e passeios nocturnos; espectáculos de teatro e de dança, recitais de poesia, concertos, exposições e conferências; passeios pedestres e peddy papers. O difícil será escolher.
