Depois de Alvalade, o Lumiar. A quarta edição da Lisbon Week – de 25 de Março a 2 de Abril de 2017 – vai instalar-se noutra freguesia da cidade e contar as muitas histórias que o Lumiar guarda, através de um programa no qual a moda, a arte pública, o cinema, a educação e o urbanismo serão os temas fortes.
É uma semana para descobrir (ou redescobrir) o Lumiar, dos Museus do Traje e do Teatro e Dança aos antigos estúdios de cinema da Tobis, passando pelo Parque Botânico do Monteiro-Mor, a Quinta dos Azulejos, o centro histórico de Telheiras, o estádio do Sporting, a Quinta das Conchas e a Alta de Lisboa.
“Na primeira edição andámos pelo Príncipe Real e o Bairro Alto, na seguinte atravessámos Lisboa do Marquês de Pombal ao rio Tejo, com curadoria de arte de Delfim Sardo e o tema I will be your mirror, e viajámos pelos anos 20 com a música e curadoria do Carlos Martins. Mas sentimos que o evento estava um bocadinho disperso”, explica Xana Nunes, a criadora da Lisbon Week.
Por causa disso, surgiu a experiência do ano passado: trabalhar apenas uma freguesia, nesse caso Alvalade. “A experiência foi extraordinária, o presidente da Junta de Alvalade [André Caldas] diz que o impacto ainda se faz sentir hoje, as instituições criaram sinergias entre elas através das ligações que nós fizemos. Conseguimos reanimar a marca Alvalade”, sublinha Xana.
O objectivo é fazer o mesmo com o Lumiar. Pedro Delgado Alves, o presidente da Junta, lembra que, com 45 mil habitantes, esta é a mais populosa das 24 freguesias da cidade e lança um argumento para reforçar a razão da escolha: o Lumiar está a celebrar os 750 anos. O que faz com que, após a recente reforma administrativa, se tenha tornado “a freguesia mais antiga”, brinca. O facto é que as mais antigas foram reestruturadas e portanto ganharam novas “datas de nascimento”. E o Lumiar – que, como o nome indica, marcava um dos limites da cidade – ganhou uma inesperada antiguidade.
Quando a equipa da Lisbon Week chega a um território novo encontra, inevitavelmente, milhares de histórias. “É um processo muito intuitivo, o de perceber o que é mais válido comunicar”, descreve Xana. E o Lumiar, acrescenta Pedro Delgado, “tem uma escala muito grande, tanto em população como em diversidade; são vários bairros e várias cidades, a marca identitária de Telheiras não é exactamente a mesma do centro do Lumiar, há o núcleo histórico que conserva características de ruralidade em algumas quintas e há a zona de expansão da cidade que é a da Alta de Lisboa”.
Uma das coisas que saltou à vista de Xana foi a quantidade de escolas e de estudantes. Daí nasceu a ideia de trabalhar com estes em projectos que juntam a arte pública – que ficará depois em vários pontos da freguesia – e as preocupações com a sustentabilidade, em particular a sensibilização para não usar plástico.
Outro ponto de interesse óbvio são os dois museus e aí a ideia de Xana é cruzar os criadores de moda com o Museu do Traje, que celebra 40 anos em 2017, e trabalhar também em torno dos trajes de cena do Museu do Teatro e da Dança. “Vamos criar cumplicidades e pôr os criadores a visitar um local que já estava um pouco esquecido nas suas memórias.”