“A minha mãe sempre disse: a vida é como uma caixa de chocolates – nunca sabes o que te vai calhar." A icónica frase do filme Forrest Gump dá mote ao nome da nova agência de viagens portuguesa, lançada esta segunda-feira pelo viajante profissional Inácio Rozeira. Na Chocolate Box, o destino é escolhido tendo em conta o perfil do cliente. E mantém-se surpresa até à véspera da viagem.
É que a vida, tal como uma caixa de bombons, é uma surpresa constante. E as viagens recheadas de surpresas estão. Mas cada vez menos. O fácil acesso a informação e dicas sobre o destino, à agenda de eventos locais e à reserva antecipada de voos, alojamento e actividades tem aumentado o nível de preparação antes da viagem e diminuído a emoção do desconhecido e do imprevisto. Cada vez se viaja mais e para mais longe. O que antes era inóspito e inacessível é agora facilmente concretizável. Como é que se contraria isso? Tornando o destino surpresa.
Pelo menos é nisso que acredita Inácio Rozeira, líder de viagens na agência Nomad durante oito anos (vai sair no final deste ano para se dedicar em excluviso à nova aventura empresarial) e com muito mundo percorrido desde a juventude (incluindo um périplo pela Índia em sidecar e pela América do Sul numa carrinha pão-de-forma). “Quando uma pessoa marca uma viagem há sempre três variáveis que coloca na equação: a data, o preço e o destino. O último é o único que é possível tirar da equação e faz com que o processo entre a reserva e a viagem seja uma experiência muito mais rica e aventureira”, defende em entrevista à Fugas.
As viagens são sempre de três dias para uma qualquer cidade europeia à distância de um voo directo de Lisboa ou do Porto e têm um preço fixo de 495€ por pessoa (ou 695€ caso viaje sozinho). Os viajantes só têm de decidir quando querem ir, indicando as datas de partida e de regresso; quantas pessoas vão na escapadinha; definir o perfil do grupo, indicando gostos e interesses entre 20 opções (desde street art a sushi, brunch, artes performativas, locais históricos ou cerveja artesanal); e eliminar até três cidades que não querem visitar. A Chocolate Box trata de tudo o resto.
Incluindo a escolha do destino da viagem, feita com base nos dados indicados. Depois de muitos anos a viajar o globo e outros tantos a guiar os outros pelo mundo, Inácio Rozeira acredita ter bagagem suficiente para escolher o melhor destino tendo em conta os gostos dos clientes, a altura do ano e os preços do momento. E ainda rechear a caixa de chocolate com dicas menos óbvias. Mas já lá vamos.
Até à data de partida, vão sendo enviadas pequenas informações via e-mail, para alimentar a expectativa e ajudar a preparar a mala. “Nesta época do ano costuma chover.” “O hotel para onde vai tem piscina, por isso leve fato de banho.” Sempre sem revelar o destino. Porque esse está escrito no verso do embrulho de uma tablete de chocolate. Que só chega a casa na véspera do voo.
Além da tablete e da aguardada revelação, a caixa enviada inclui os bilhetes de avião, a reserva de duas noites num hotel de quatro ou cinco estrelas localizado no centro da cidade, com pequeno-almoço incluído, e “pequenos presentes que consideram tornar a viagem mais interessante”: uma máquina fotográfica Fuji Instax Mini 8, um saco de pano, um livro da colecção Viagens da Tinta da China e um “guia de bordo que vai ter informação personalizada sobre actividades a realizar no destino”.