A Academia Portuguesa de Gastronomia e a Real Academia de Gastronomia "têm projectos importantes" em comum, afirmou esta quinta-feira o presidente da organização espanhola. Um deles, avança Rafael Anson, é a criação do Observatório Europeu de Gastronomia, recomendada por uma resolução aprovada pelo Parlamento Europeu em 2014.
O responsável, que marcou presença no jantar de celebração dos 25 anos da academia portuguesa, em Lisboa, destacou ainda, entre as iniciativas, as candidaturas à classificação como Património da Humanidade, pela UNESCO, de "elementos singulares" das cozinhas portuguesa e espanhola, como a cataplana e a paella.
A inscrição destes pratos na lista do Património Cultural Imaterial da Humanidade por aquele organismo das Nações Unidas - como já acontece com a Dieta Mediterrânica, no âmbito da gastronomia - é um dos principais objectivos avançados por Rafael Anson para a criação do novo observatório. Apoiar o turismo gastronómico, favorecer uma alimentação saudável, erradicar a fome e responder à má nutrição, seja por excesso ou por defeito, são outros dos objectivos enumerados pelo responsável espanhol.
A decisão do Parlamento Europeu, sublinhou, "marca uma mudança substancial e histórica sobre a gastronomia", que "deixa de ser um prazer de uns quantos privilegiados, para se transformar numa actividade saudável, solidária, sustentável e satisfatória".
Rafael Anson assinalou ainda a importância de introduzir o ensino do gosto nas escolas, "da mesma forma que se ensina o ouvido para a música ou se educa a vista para as artes plásticas".
No mesmo sentido, o presidente da academia portuguesa referiu que "a gastronomia não é comer luxo, o que é raro e caro", mas sim "saber apreciar, desfrutar, ter o prazer do gosto", sem ignorar as questões da saúde e da cultura.
José Bento dos Santos referiu que a Academia Portuguesa de Gastronomia procura, "em conjunto com o Governo", defender a candidatura de Portugal para acolher o Observatório Europeu da Gastronomia. "Temos um património que deve ser transmitido de forma correcta e que não prejudique as gerações futuras", defendeu.