O nome já deixa antever o conceito, num jogo com as primeiras letras de «francesinha» e a palavra inglesa «happiness»: o grupo de empresários do Porto responsável pelo Frhappy quer levar a felicidade à capital britânica através do reconforto da iguaria portuense.
E é ela – a “sandes” criada em 1953 pelo emigrante Daniel da Silva, inspirada na francesa croque-monsieur, contam no site – a estrela da ementa. Há cinco variedades e três tamanhos: a clássica e a que lhe acrescenta carne de porco desfiado, há uma de frango, uma vegetariana e outra inspirada no tradicional pequeno-almoço inglês – pão, feijão cozinhado em molho de tomate, ovo estrelado, bacon e queijo. Depois, é só medir o apetite e escolher entre mademoiselle, regular e XL (os preços variam entre 6,50£ - cerca de 8,38€ - e 15,50£ - aproximadamente 20€). É ainda possível acrescentar ingredientes ou uma porção extra de “molho secreto”.
No entanto, nem só de francesinhas se coze este novo restaurante português em terras de Sua Majestade, inaugurado a 17 de Fevereiro na londrina Upper Street, e o menu inclui outros ex-libris da gastronomia nacional, como latas de conserva, pregos no prato e em bolo do caco, leite creme queimado ou pastel de nata e, no campo das bebidas, cerveja e vinhos portugueses, sangria e, claro, vinho do Porto.
Foi em 2014 que António Almeida, então consultor na área das tecnologias de informação, e a mulher Lúcia, ambos “amantes da francesinha”, começaram “a magicar como poderiam internacionalizar” o famoso petisco portuense. “Considerávamos que o produto tinha um potencial elevadíssimo, completamente testado no Porto e que ninguém trabalhava bem esse potencial”, conta à Fugas por email. Criaram um novo conceito e escolheram Londres como berço do projecto. “Conhecíamos bem [a cidade] por termos trabalhado lá uns anos e considerámos que seria o lugar ideal, pelo seu dinamismo, multiculturalidade e cosmopolitismo.”
Infelizmente, em Março de 2015, Lúcia morreu num acidente de esqui, “ironicamente no dia em que receberam os contratos finalizados de arrendamento do edifício”, e o projecto sofreu um abalo avassalado. Ainda assim, o sonho manteve-se, alicerçado no apoio dos filhos, sócios e amigos, “seguindo essa visão positiva da vida e de continuidade, tentando honrar a memória de Lúcia”. "Só eu sinto bater-lhe o coração/ Vejo que sonha, que sorri, que vive/ Só eu tenho por ela esta paixão / Como nunca hei-de ter e nunca tive" , lê-se, escrito na parede - é uma quadra de um poema de Miguel Torga.
É ela que olha a noite estrelada dentro de um pormenorizado coração desenhado na Wall Artwork, na sala do primeiro andar, uma enorme ilustração feita por “dois estudantes do 12.º ano de Belas Artes”. Em volta, uma viagem pela cultura portuguesa: da rapariga francesa que terá inspirado o nome da iguaria portuense ao brinco de filigrana de Viana, do lenço que as fadistas usam sobre os ombros aos balões de São João, da época dos Descobrimentos à saudade, das fachadas da Ribeira à ponte Luís I, que ali une igualmente as heranças portuguesas à esperança no futuro que carrega o novo projecto em Londres (com desenhos do turístico London Eye e outros edifícios da cidade).
No rés-do-chão, uma faixa de azulejos de figuras geométricas a preto e branco desliza pela parede, mergulhando no chão, entre mesas e cadeiras. Mais um pormenor de ligação à cultura portuguesa, entre uma decoração minimalista, sóbria e moderna. O ambiente, dizem, quer-se “tranquilo e em formato de easy food”. E para quem preferir levar a refeição para fora, há ainda serviço de take-away.
Frhappy
330 Upper Street N1 2XQ Islington – Londres
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