A espanhola Elena Arzak, uma das mais famosas chefs de cozinha do mundo – considerada, aliás, a melhor do mundo em 2012 pela revista Restaurant – é este ano a principal figura entre os convidados internacionais do festival Peixe em Lisboa, que se realiza entre 7 e 17 de Abril no Páteo da Galé, Terreiro do Paço.
Filha de Juan Maria Arzak, é Elena quem hoje está à frente do restaurante Arzak, em Donostia, San Sebastian, com três estrelas Michelin. A seu lado, em Lisboa (onde se apresenta dia 13), estarão dois outros convidados estrangeiros desta 9ª edição: o italiano Pino Cuttaia (dia 12) do restaurante La Madia, em Licata, Sicília (duas estrelas) e Diego Gallegos (dia 15).
Descrito como “brasileiro de nascimento, andaluz por opção”, Gallegos, do restaurante Solo, em Málaga (uma estrela, conquistada recentemente) destaca-se sobretudo pelo seu trabalho com peixes de rio, explicou Duarte Calvão, director do festival, na conferência de imprensa de apresentação.
Outro convidado especial, português mas baseado em Londres, é Nuno Mendes (dia 14) que se tem destacado na cena gastronómica londrina desde que abriu o Viajante, projecto entretanto fechado mas que poderá reaparecer em breve, juntando-se a outros do chef, nomeadamente a Taberna do Mercado, onde apresenta uma cozinha portuguesa com uma interpretação própria.
Haverá também, como habitual, apresentações por chefs portugueses. Será uma oportunidade para ter em Lisboa Rui Silvestre (dia 11) do restaurante algarvio Bon Bon, que conquistou a mais recente estrela Michelin para Portugal. Outro estreante no auditório do Peixe – que, como no ano passado, continuará a ser no exterior – é Tiago Feio, do Leopold, na Mouraria, que desenvolveu uma cozinha com um estilo muito pessoal, sem usar fogão.
Será também uma oportunidade para rever Tomoaki Kanazawa (dia 16), o mestre japonês que recentemente abriu o seu novo restaurante, Kanazawa, com apenas oito lugares e dedicado à cozinha kaiseki, e dois dos chefs portugueses mais activos do momento, Henrique Sá Pessoa (dia 10), que reabriu o Alma, agora no Chiado, e Alexandre Silva (dia 16), que se lançou numa nova aventura, com o Loco, na Estrela.
No que diz respeito aos restaurantes que vão estar a funcionar durante estes dez dias no Pátio da Galé, há novidades: Bertílio Gomes, do Chapitô à Mesa é uma delas, Pascal Meynard, do Ritz Four Seasons, é outra, assim como o Ibo, que trará a sua cozinha de influência africana. E de Sintra virá um dos grandes restaurantes japoneses de Portugal, o Midori, do Penha Longa Resort.
Os restantes são presenças habituais, uns de sempre, outros participantes mais recentes: o Ribamar, de Helder e Rita Chagas, o Nobre de Justa Nobre (que terá este ano a novidade de um menu infantil, para incentivar as crianças a comer peixe), José Avillez, Kiko Martins, a Tasca e a Peixaria da Esquina de Vítor Sobral, a Taberna da Rua das Flores (este ano sozinha, depois de no ano passado ter dividido o espaço com o Flores do Bairro) e Arola, vindo também do Penha Longa.
Em destaque este ano no festival estará um peixe muitas vezes considerado menos nobre mas que, explicou Duarte Calvão, pode e deve ser mais valorizado: o carapau. “A sardinha está a passar por um momento mais difícil, a cavala já entrou na moda e agora é importante puxar pelo valor comercial do carapau”, afirmou o director do festival. Por isso haverá (dia 12) a sessão Carapaus de Corrida, com os chefs Miguel Castro e Silva, Paulo Morais e Marlene Vieira. E no último dia, 17, Mário Rolando, especialista em pão, vai fazer (e dar a provar ao público) uma bola de carapau.
No dia 11, Kiko Martins, Vítor Sobral, Miguel Laffan e Rui Paula vão-se juntar para uma tertúlia, e no dia 15 acontece uma sessão dedicada aos restaurantes da Linha de Cascais (Cimas-English Bar, Beira Mar, Mar do Inferno e Muxaxo). “Vamos mostrar as receitas clássicas”, disse Duarte Calvão, sublinhando que, apesar de o festival ser virado para a criatividade, é sempre bom revisitar a tradição.
Para além do habitual mercado gourmet, haverá ainda o concurso de pastelaria ADN Pasteleiro, os Jovens Talentos da Gastronomia, a prova O Melhor Pastel de Nata, e várias conversas sobre vinho e harmonizações. Às sextas e sábados o Pátio da Galé ficará aberto mais duas horas, até às duas da madrugada, e no domingo dia 10 há uma noite de fado. E, para que ninguém se engane, fica o aviso: este ano a entrada no festival faz-se pelo Terreiro do Paço e não pela Rua do Arsenal.