Fugas - restaurantes e bares

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Quando o mercado se reinventa no centro comercial

Por Francisca Dias Real

No CascaiShopping, a zona de restauração reinventou-se e inclui agora uma variação do mercado gastronómico de rua.

Reinvenção talvez seja a palavra certa para definir o novo espaço na zona de restauração do CascaiShopping. O conceito é simples e passa por transportar uma espécie de mercado gastronómico para dentro de um centro comercial. Para todo o tipo de paladares. O espaço, inaugurado em Junho, organiza-se por bancas, cada uma dedicada à sua especialidade: do peixe à carne, passando pelas cozinhas italiana ou japonesa até à doçaria.

Foi com o Cascais Kitchen repleto de gente, a saborear a sua refeição ou a passar só para beber um café, que Diogo Sousa Coutinho, empresário responsável pelo espaço, nos explicou como é que, em dois meses de existência, o conceito tem agradado aos clientes. “O melhor de tudo agora é ver a cara das pessoas. É estar sentado aqui e ver a surpresa e o espanto de quem entra e não sabe ainda bem o que é isto”, conta Diogo Sousa Coutinho.

Quem entra poderá, de facto, ficar surpreendido com a diferença notória do espaço que antes ali se encontrava para o que se verifica agora. O ambiente é arejado, as paredes são revestidas a madeira, outras de betão pintado de verde pinho e até mesmo algumas de azulejo. Os candeeiros caem suspensos do tecto com lâmpadas de diferentes tamanhos e intensidades luminosas. Depois as bancas, essas, são construídas à imagem do tipo de gastronomia a que correspondem.

Na hora da refeição, o difícil é escolher entre a panóplia de opções que estão ali disponíveis: começámos com peças de sushi quente e demos um salto até uma sucessão de pratos italianos vindos directamente do quiosque Envolto – o risotto de cogumelos ou a típica carbonara, sem esquecer a especialidade com o mesmo nome da banca, que oferece uma tagliatelle suavemente envolvida em pimentos, camarão e mexilhão, tudo regado com molho de tomate.

Para os que gostam pouco de arriscar novos sabores, a Carniceria é o ponto de encontro mais português. Um bitoque ou o leitão, no prato ou no pão, são as escolhas óbvias desta banca suportada em volumosos barris das velhas adegas. Há, também, uma petiscaria, a Alhos e Bugalhos, que, além da tradicional tábua de queijos e enchidos, contempla na carta salada de polvo, empadas ou um brás de alheira.

Se por outro lado a preferência assenta no peixe, a Peixaria Malha dá resposta com pratos de marisco, de peixe grelhado ou, num registo mais arrojado, o prego de atum.

Ainda no peixe, o quiosque Tasca Japonesa traz para os tabuleiros volantes uma variedade de sushi aos apreciadores desta iguaria oriental. E, mesmo ao lado, está a Saladaria com propostas de menus saudáveis.

As food trucks – aclamadas como comida sobre rodas – ganham nova forma dentro deste espaço interior, ainda com a chave na ignição e com os selos franceses que contam histórias de quem as conduzia, e estão agora paradas ao serviço de quem por ali passa. As duas Citroën albergam o Docicário e o Cheirinho, espaços dedicados aos doces e ao tradicional bar-café, respectivamente.

A decoração do espaço passa por reavivar o ambiente dos mercados tradicionais de rua da Alemanha, Áustria e Holanda, sem esquecer os pormenores bem portugueses. Cada detalhe conta naquele espaço. Desde as bicicletas e motas vintage – que já aguçaram a curiosidade de muitos coleccionadores destes veículos  – aos tachos e panelas suspensos no tecto.

“Queremos que este se torne num sítio em que as pessoas vêm de propósito comer", frisa Sousa Coutinho, sublinhando: "sem que a isso tenham que associar uma ida às compras, por exemplo”.

Mercados reinventados

A ideia partiu do grupo Sonae, que explora o CascaiShopping, que lançou o desafio à empresa de Diogo, a MCO S.A., responsável pela reabilitação do Mercado de Campo de Ourique, em 2013. “Os espaços de restauração tradicionais têm que mudar se não deixam de ser apelativos. Tendo a possibilidade de estar aqui, num lugar diferente, em vez de estarem num food court normal é claro que as pessoas preferem estar aqui. É uma questão de tempo até a mudança se iniciar…”.

No que aos mercados da cidade diz respeito, a mudança já começou a acontecer –  o impulso foi dado pelo Mercado de Campo de Ourique, seguiu-se-lhe o Mercado da Ribeira (reabilitado por outra empresa).

E o processo não fica por aqui visto que a capital portuguesa pretende criar “uma marca-chapéu” para os mercados da cidade, segundo um projecto apresentado pelo Plano Municipal dos Mercados de Lisboa 2016-2020.

Texto editado por Luís J. Santos

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