Depois de um restaurante como o nome da máfia japonesa e de outro onde as pizzas remetem para os sete pecados mortais, não é de estranhar que Olivier tenha decidido criar um espaço chamado Absurdo. O restaurante está aberto desde segunda-feira, 13 de Janeiro, no Cais do Sodré, em Lisboa.
Pergunta óbvia: Absurdo porquê? Para começar, porque há uma sandes que dentro da pequena bola de pão consegue unir 42 ingredientes. Certo que nem todas as sete sandes do menu têm um número tão impressionante de elementos, mas revelam misturas inesperadas como atum com pickles e bacalhau com húmus. Os preços variam entre os 7,80 e os 9,50 euros, sendo que cada "sandocha" – como está escrito no menu – é, na verdade, a junção de quatro bolas. Na sua base, o pão tem batata doce.
“Fiz as sandes à minha maneira, como eu gosto de as comer”, revelou o chef e empresário Olivier. “Começámos com estas sete, mas há mil maneiras de misturar ingredientes num pão.”
Invertendo o ditado popular, aqui tem de petiscar para arriscar ganhar. É que escondidos nas entradinhas – como as azeitonas (2 euros) ou os amendoins (1 euro) – vão estar brindes e quem tiver sorte de os encontrar vai “à roda”. Uma roda como a que os concorrentes do "Preço Certo" giram, mas que, em vez de números, tem prémios como um jantar no Olivier Avenida e um frango no Pito do Bairro – dois outros projectos a que o chef está ligado.
A outra forma de ir à roda é pedindo a sandes Absurdo (9,50 euros), a tal de 42 ingredientes. Se os conseguir identificar a todos numa lista com 200 opções, terá direito a tentar a sua sorte. Com um sorriso na cara, enquanto ouve as sugestões de várias pessoas sentadas à mesa, Olivier decide dar uma ajuda: “e se eu disser que tem mioleira? Se eu disser que tem língua? Se eu disser que tem tripas?”. ”Estou a dizer isto, mas posso estar a mentir”, ressalva.
No menu há opções como a "fnhã" – palavra que, segundo Olivier, serve para descrever algo que não é uma coisa, nem é outra–, uma sandes vegetariana com courgette, cogumelos e uma selecção de queijos, e o frango à leitão, que leva frango com tempero à Bairrada (ambos 7,80 euros).
“Este conceito é para replicar. É um conceito de convívio com preço muito acessível”, revela o empresário ao Fugas. Se “na cidade só pode haver um Guilty”, Absurdos pode haver muitos – “Amoreiras, Belém, Restelo…”, imagina.
Para já, está prevista a inauguração de um restaurante com carta assinada por Olivier, no Tivoli Mofarrej, em São Paulo, Brasil. Chama-se Seen – que em inglês significa visto, mas soa o mesmo que sin (pecado) – e vai abrir entre final de Março e início de Abril, em princípio a 1 de Abril, no dia das mentiras. O projecto teve um custo de aproximadamente 1,5 milhões de euros, em decoração e obras, conta Olivier.
Actualmente o universo Olivier engloba dez restaurantes, distribuídos entre Lisboa e Algarve. Alguns são seus na totalidade (seis), outros são parcerias (é o caso do Absurdo) e outros ainda têm uma carta assinada pelo chef. Todos juntos facturam, estima o empresário, mais de 15 milhões ao ano. O Seen (do qual é sócio minoritário, com direito a royalties) deverá acrescentar cinco milhões a este valor.
Uma nota de alerta para o leitor: a morada do novo restaurante lisboeta também tem o seu quê de Absurdo. Quem está habituado a pensar no Cais do Sodré como uma zona, saiba que é também uma rua no final da Ribeira das Naus, antes da rotunda. Outro pormenor ao qual pode estar atento é a música. As playlists foram feitas de forma a que, de 20 em 20 canções, haja uma fora de contexto.
