Fugas - Viagens

Paulo Ricca

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Viana, como nunca a ouviu

A partir daqui, está em pleno centro histórico de Viana do Castelo e o percurso sugerido pela voz que lhe ecoa na cabeça pode prolongar-se por algumas horas. Se optar por espreitar o Hospital Velho, no qual está hoje instalado o Posto de Turismo, e repousar um pouco na Praça da Erva, "antigo espaço de concentração das diligências e do ofício de ferradores onde se pode ver um fontanário dedicado a São João Baptista", vai desfrutar mais do que se se limitar a olhar as fachadas. Daqui são apenas alguns passos até ao largo da Igreja Matriz, e um curtíssimo passeio ao ponto central da cidade, a Praça da República, com o seu chafariz central, o edifício do Hospital da Santa Casa da Misericórdia, a Casa das Varandas, o antigo local dos Paços do Concelho e o Museu do Traje.

Mal deixe a praça não vai ter muito tempo para permanecer em silêncio, porque o equipamento electrónico vai identificar a presença da Câmara Municipal e começará a explicação sobre o edifício "de meados do século XVI" e dos monumentos adjacentes, "as casas das famílias fidalgas de Alpuim e Sá Souto Maior".

O percurso turístico de Viana termina, como não podia deixar de ser, no Monte de Santa Luzia, com descrições dedicadas ao templo e à citânia que está situada a curta distância, nas traseiras da igreja inspirada no Sacré Coeur de Montmartre, em Paris. O conselho é que utilize o funicular, ao qual deve aceder depois de espreitar a Estação dos Caminhos de Ferro, no topo da Avenida dos Combatentes da Grande Guerra (deu a volta completa, reparou?).

Se seguir todos os passos propostos pelo Pare, olhe e escute vai terminar a viagem no Monte de Santa Luzia, junto à Pousada de Portugal, construída no início do século XX. Viana do Castelo está vista. Mas o seu guia personalizado quer deixá-lo com vontade de regressar ao Minho, pelo que a mensagem que lhe deixa não é de "adeus", soando mais a um "até breve". Em português, espanhol ou inglês há-de ouvir o mesmo convite: "Este é o último ponto do percurso urbano da cidade de Viana do Castelo, onde poderá retemperar forças para seguir viagem e descobrir outros recantos, histórias, mitos e lendas que a região do Alto Minho tem para oferecer. Ponte de Lima, Caminha, Valença, Arcos de Valdevez, Monção, Vila Nova de Cerveira e muitos outros espaços escondidos esperam ser o próximo destino."

A Rota das Tascas

Filipe Silva, administrador do grupo Axis, está contente por ter sido possível incluir já, na primeira caixa do projecto Escutar Portugal, uma rota das tascas minhotas. "São locais que vale a pena conhecer e aos quais os turistas não vão, porque não vêm referenciados em lado nenhum", diz. Filipe diz ser cliente de muitas delas.

Se utilizar o GPS para chegar a qualquer uma das oito tascas referidas, não estranhe a voz com sotaque que lhe vai dizendo que vai "entrar na ronda" (entenda-se, rotunda) ou que faltam xis "quilométros" (quilómetros) para "entalão" (então) virar na terceira "sáida" (saída). Mesmo com tantos disparates em português, vai levá-lo ao sítio certo.

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