Fugas - Viagens

Manuel Roberto

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Portugal dos Pequenitos - Um país velho para gente nova

Já de Portugal, são centenas de pessoas a passear no parque. Inúmeras famílias aproveitam o feriado para mostrar aos filhos aquilo que elas as mães e eles os pais também já viram quando ainda andavam pela mão dos adultos. Maria do Céu Pinto é avó da Leonor, de 3 anos, e do João, de 2 anos. É a primeira vez que os pequenos estão no parque.

A avó garante que eles estão a gostar: "Claro que estão a gostar, isto nunca passa de moda!", afirma. Ana Freitas, 39 anos, veio de Viana do Castelo para passar o dia no Portugal dos Pequenitos, com o marido e com o filho, o Nuno. Com apenas quatro anos, está empoleirado numa das janelas do Mosteiro de Alcobaça. Quando lhe perguntamos se está a gostar, esconde-se entre as pernas do pai, não quer falar..."Está envergonhado, mas está a gostar muito de ver as casinhas pequeninas...", responde a mãe que, quando era miúda, também visitou o parque.

Não vale a pena procurar crianças entediadas. É muito difícil encontrar, dentro do Portugal dos Pequenitos, uma criança que não esteja deslumbrada ou, simplesmente, entretida. Umas sorridentes, outras espantadas. Só o Rodrigo, de 4 anos, insiste em ver animais. Prefere os bichos às casas. "Onde estão os animais?", pergunta, de cinco em cinco minutos. Com uns olhos muito vivos, nada tímidos, e um enorme à vontade, explica prontamente que está a gostar "muito", mas queria "ver os animais": "O jardim zoológico tem animais", elucida-nos o pequeno Rodrigo que está de visita ao parque na companhia de toda a família, natural de Ovar. A mãe, Susana Borges, de 31 anos, diz a rir que viajou com "toda a família". Ao longe, eles acenam: os avós, o pai, e ainda os irmãos do Rodrigo, que continua a não se conformar com a ausência da bicharada.

Fomos perguntar a Isabel Horta e Vale que é feito dos animais que já houve no parque. A directora explica que, depois de alguns visitantes terem protestado contra as condições nas quais viviam os animais, retiraram os bichos do parque. Agora estão a equacionar uma nova forma de os introduzir: "Devia haver aqui animais, porque as crianças já têm dificuldades em saber como é uma galinha ao vivo, um pintainho, um porco, uma cabrinha...", defende a directora.

Mesmo sem animais, todos desfrutam. Sim, tem que se dizer: os graúdos ficam tão excitados como os pequenos. Chamam os filhos, a cada minuto, para mostrar um solar do Minho, uma casa do Alentejo. "Olha esta casinha, que linda!". Pegam neles pela mão, para tirar uma fotografia numa varanda, numa janela, no topo de um castelo... É, como diz Isabel Horta e Vale, um parque para toda a gente, de todas as idades: "Dos bebés aos avós".

Radiografia
Volta a Portugal em 80 minutos

O Portugal dos Pequenitos remonta a uma época em que se fazia a apologia do Império Colonial e isso é visível no parque. Porém, independentemente da ideologia que lhe está associada, o parque é alvo da curiosidade de muitas famílias, portuguesas e estrangeiras. Os mais velhos já o visitaram quando eram pequenos e agora mostram-no aos netos e aos filhos.

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