Fugas - Viagens

Manuel Roberto

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Portugal dos Pequenitos - Um país velho para gente nova

O espaço parece imune ao passar dos tempos. A frequência incessante do Portugal dos Pequenitos, ao longo de todo o ano, prova afinal que não passa de moda e que avós, pais e crianças, todas as gerações o têm que conhecer. É mesmo um dos locais mais visitados em Coimbra, a par da universidade, uma das mais antigas da Europa.

O Parque, que Bissaya Barreto quis que fosse simultaneamente lúdico e pedagógico, representa de forma pormenorizada e numa escala reduzida as casas e os monumentos de Portugal. Como se fosse uma síntese dos vários recantos do país, do Minho ao Alentejo. Em tudo que o Portugal tem de mais típico e genuíno, na arquitectura e nos monumentos. "Tem a representação dos principais monumentos de Norte ao Sul, da Torre de Bragança, passando pela Batalha, Santarém, Tomar, Alentejo, Algarve...", diz a directora da Cultura da Fundação Bissaya Barreto, Isabel Horta e Vale, sentada diante da porta da Igreja de Monchique. "Mas houve a preocupação", acrescenta, "de destacar Coimbra e Lisboa, com dois núcleos mais desenvolvidos, que têm mais do que um só monumento".

Por isso, conta Isabel Horta e Vale, há muitos professores que se deslocam até ao local para dar "aulas de História" aos alunos mais pequenos. "Este parque é turístico, e lúdico, mas também pedagógico. Vêm imensos grupos de escolas para ter aulas de história, através dos monumentos. Temos monumentos do século XII, XIII até XVIII", diz. A directora sublinha ainda que "há sempre actividades [lúdicas e culturais] a decorrer" no parque, especialmente este ano em que se comemoram os 50 anos da Fundação Bissaya Barreto.

Neste mundo de miniaturas, que foi o precursor dos parques temáticos para crianças, há ainda espaço para, além das casas tradicionais portuguesas e monumentos mais representativos do país, conjuntos dedicados às antigas colónias. No fim da viagem, que pode demorar 80 minutos, achámos que já tínhamos saudades destas alegres casinhas. Alegres e tão modestas (quanto nós?), como diz a canção.

A origem do parque
Uma história com 68 anos

O parque foi idealizado por Bissaya Barreto, médico e professor da faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra que o mandou erguer, a partir do projecto desenhado pelo arquitecto Cassiano Branco. Foi inaugurado a 8 de Junho de 1940, mas não foi todo construído ao mesmo tempo, tendo sofrido alterações ao longo dos tempos. É composto por três áreas distintas, que correspondem a fases diferentes de construção. A primeira parte do parque foi construída entre 1938 e 1940 e corresponde ao conjunto das casas regionais portuguesas. Inclui solares do Minho e de Trás-os-Montes e casas típicas de várias outras regiões de Portugal. Ali, nada foi descuidado. As casinhas têm pomares, hortas e jardins, corações nas portadas, vasos nas janelas. A este núcleo, pertence ainda o conjunto de edifícios de Coimbra, no qual estão representados os mais emblemáticos locais da cidade.

Foi apenas, porém, na segunda fase que se ergueram os monumentos no parque. Mais uma vez, foram construídas pequenas réplicas de monumentos do Norte ao Sul do país. Já o núcleo que engloba a representação da natureza, cultura, e monumentos dos países africanos de língua oficial portuguesa -Moçambique e Angola -, do Brasil, de Macau, da Índia e de Timor, ficou concluído em finais dos anos 1950. Foi também nessa fase que se ergueram os edifícios respeitantes à Madeira e aos Açores.

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