Fugas - Viagens

Enric Vives-Rubio

Lisboa de carrinho

Por Luís J. Santos

Por Lisboa, passeiam uns carrinhos amarelos bem dispostos ou vermelhos silenciosos, uns "segways" a subir e descer, uns riquexós modernos... Ideais para quem quer conhecer a cidade com outros olhos e poupar as pernas. É acelerar colinas acima, penetrar em ruelas, passear ao longo do rio. A Fugas redescobriu uma capital vista sobre rodas

"E eu a vê-los passar", ditava um célebre anúncio que se tornou frase feita para todas as ocasiões. E não será uma nem duas vezes que a frase fica a bailar nos lábios de quem vê passar estes coloridos veículos que, este Verão, tomaram Lisboa, com incidência particular numa faixa que cruza a Baixa: Rua dos Douradores para os GoCar, carrinhos amarelões e divertidos com um GPS que informa, faz convites e dá conselhos num tom tão próximo quanto amigável; Praça da Figueira para a City Cruisers e os seus "ecomobiles", reais riquexós do século XXI, eléctricos e ecológicos, que se apoiam na união com uma bicicleta a pedal; Terreiro do Paço para a Red Tours e a sua trilogia, também eléctrica e também ecológica carros, bicicletas e "segways". Três empresas que multiplicam as propostas para passear por Lisboa e conhecê-la de outra maneira, mais moderna, mais próxima, mais divertida e, óbvio, menos cansativa e mais informada.

E não apenas para turistas; o lisboeta ou conhecedor da cidade também se divertirá em qualquer das opções, todas muito chamativas e que, numa curiosa metamorfose, tornam o veículo e o seu próprio utilizador em centro das atenções.

Por onde passam, sente-se o olhar de desejo dos turistas e as suas máquinas fotográficas a desviaremse de monumentos para os atraentes veículos, já para não falar da curiosidade dos próprios lisboetas, não faltando, à nossa passagem, mimos e pedidos de boleia, perguntas e opiniões.

Não restam dúvidas de que um turista a deslocar-se nestes chamarizes sobre rodas conhecerá uma Lisboa mais graciosa, além de que consegue chegar a locais onde o trânsito é muito condicionado ou em que quase mais nada consegue entrar. Em comum a todas as empresas, o interesse por dar a ver Lisboa de uma forma espirituosa num leque de propostas que se complementam.

Go, go... GoCar!

Até no Inverno, aposta-se, conduzir este simpático carro amarelo vai saber a Verão. Com o seu ar de carrinho de brincadeira (dir-se-ia com um "look" à carrinho de choque, mas aqui não se pretende chocar com nada...), é diversão garantida. E não só pela condução, prática e fácil, mas também pela boa companhia de um GPS com voz amigável e graciosa que oferece informação cultural, história e paisagística enquanto vamos num trava-acelera que dá gosto (não há mais, é mesmo girar o volante, travar e acelerar). Só que esta Miss GPS tem mais que se lhe diga: alertanos para termos "cuidado com a cabeça" quando passamos sob um arco, chama a "atenção aos carros do lado esquerdo", incentiva com um "boa, estamos no caminho certo!", conta piadas e até assobia! Quase nos faz desconfiar que há mesmo uma pessoa pequenina escondida algures...

O sistema vai apontando os mais diversos pontos de interesse, do monumento à esplanada, e está de tal forma moldado que adquire personalidade própria. "O carro fala pelos cotovelos!", diz, e bem, uma senhora a subir a Graça. Já outra, por Alfama, atira um "Ò vizinho, dê-me boleia!". E lá vai o GoCar a desbravar as ruelas do bairro, a mostrar-nos uma Lisboa conversadora e que sorri à passagem destes amarelões, a sugerir pequenas paragens aqui e ali, a trepar a Graça, a deslizar colina abaixo... e também nos leva ao longo do rio, por Belém ou Parque das Nações, havendo também liberdade para refazer a rota.

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