Fugas - Viagens

Miguel Manso

Ferraria: Elogio do que é pequeno

Por Carlos Pessoa

Na imensidão atlântica, a terra é um bem escasso e precioso. Que o digam os açorianos, secularmente confrontados com a descontinuidade da sua geografia e, sobretudo, os altos custos que têm de pagar pela insularidade. A maior ilha do arquipélago dos Açores, São Miguel, só tem um pouco mais de 746 quilómetros quadrados. À escala continental, é um território pequeno, onde todos os caminhos vão dar sempre ao ponto de partida, num exercício circular pelos muitos pontos de visita obrigatória.

Há cidades, montanha e, claro, praias. Estas últimas são todas pequeninas, comenta um médico do continente radicado na ilha há mais de 30 anos. Mas acrescenta, à laia de aviso ao forasteiro: "Com bom tempo, são preciosas." Esqueçam, então, praias com areal a perder de vista e horizontes rasgados. E esqueçam também a brancura da areia, que a geologia local não autoriza de todo. Aqui, todos os caminhos levam ao mar, mas a relação deste com a terra rege-se por outras leis que importa apreender.

--%>