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Museu da América

Museu da América Luís Maio

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As Américas de Madrid

O edifício persiste como testemunho do franquismo, mas a colecção foi naturalmente rearranjada para a reabertura de 1994. Optou-se por um ordenamento temático de fundo antropológico, tão neutro quanto possível do ponto de vista ideológico. Claro que essa neutralidade não existe e o que acontece na prática é que as colecções - que é como quem diz, as culturas dos nativos, dos escravos, dos colonizadores e do que se tornaram quando se passaram a cruzar - convivem a cada esquina do museu. Esta promiscuidade tem uma certa piada, até porque acaba por obrigar o visitante a um exercício constante de confronto cultural.

A colecção permanente está estruturada em cinco grandes áreas, que são estanques e podem ser vistas em separado, ao passo que vê-las de seguida exige pelo menos um dia. A primeira e mais interessante refere-se ao primeiro contacto com a América e tem por ponto alto a recriação de um gabinete de curiosidades do século XVIII, incluindo um violino de pele de crocodilo e majestosos trajes de fibra vegetal do Canadá e do Haiti.

A segunda área é a mais pedagógica e hoje a mais requentada, centrada num filme entediante sobre as maravilhas naturais das Américas e uma maqueta do seu povoamento. A terceira área visa a sociedade e é a maior de todas, correndo pelos dois pisos do edifício a ilustração dos diferentes tipos de sociedade que coexistiram até aos nossos dias do outro lado do Atlântico. Seguem-se secções sobre religião e comunicação e é nelas que se encontram os maiores tesouros do museu madrileno, incluindo as esculturas em ouro do tesouro dos colombianos Quimbayas, uma múmia pré-incaica de Paracas ricamente adornada, ou ainda o Codex Trocortesianus, que condensa em 112 páginas a cosmovisão dos Maias.

O vizinho Museu do Traje
Moda no jardim

O Museu da América fica à entrada da Cidade Universitária de Madrid, vasto talhão urbano de 5,5 km2, onde faculdades e residências académicas se encontram esparsamente disseminadas por uma área na maior parte arborizada. É um dos melhores sítios para fazer desporto e piqueniques na capital espanhola. Lá no meio fica o Museu do Traje, que desde logo se recomenda pelo edifício onde se encontra sediado, majestosa peça de arquitectura modernista em bronze e alumínio, que combina um corpo horizontal de áreas generosas com uma torre de vários pisos. Desenhado por Jaime López de Aliaín e Algel Díaz Domínguez entre 1971 e 1973, o edifício foi pensado de raiz para funcionar como museu, começando por ser dedicado à exposição de arte contemporânea.

Acolhe agora um Museu do Traje que remonta às exposições de trajes folclóricos dos anos 20, mas foi profundamente reestruturado para a reabertura neste edifício, em 2004. A exposição permanente propõe uma visita guiada pela história do vestuário em Espanha desde os inícios do século XVIII, recapitulando as grandes tendências internacionais que desde então marcaram os hábitos de vestir, mas com especial enfoque naquilo que é especificamente espanhol. Os momentos mais altos da visita acabam assim por corresponder às duas salas monográficas, uma exibindo trajes regionais centenários de pastores a toureiros, a outra recordando Mariano Fortuny (1871-1949), "revolucionario creador español de nombre universal", que deu um contributo essencial para a libertação do corpo feminino de velhos espartilhos.

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