Fugas - Viagens

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As praias mais bonitas de Lanzarote

Para além dos desportos radicais, há sempre o trekking terapêutico e a fruição da incrível beleza deste cenário natural. Uma fotogenia para a qual muito contribui a ausência de grandes empreendimentos turísticos nas redondezas. A antiga aldeia piscatória na ponta esquerda da praia cresceu pouco, sem descolar do figurino pitoresco de casas de dois andares pintadas de branco com portas e janelas azuis, semelhante à arquitectura vernacular do Norte de África. A aldeia chamada Caleta não tem banco, apenas um supermercado e a maior parte das ruas são forradas de areia.

Este núcleo primitivo conhece uma espécie de extensão modernista na chamada "urbanização dos noruegueses", construída há duas décadas, logo no início da ladeira que sobe ao Risco. Os bungalows semi-enterrados, dispostos em socalcos - protegidos por muretes de pedra em meia-lua, repercutindo a engenharia empregue na agricultura da ilha - foram muito criticadas na altura e depressa caíram em decadência. Agora, porém, estão finalmente na moda, sobretudo desde que Pedro Almodôvar e Penélope Cruz aqui estiveram a filmar cenas do filme Abraços Partidos.

A estrada acaba nos bungalows e daí para norte só há caminhos esburacados, que eventualmente conduzem à Playa del Risco, a praia mais selvagem de Lanzarote - de novo com mar batido e muitas correntes, pouco aconselhável a banhos. Constitui um passeio fantástico, mas exigente, que também se pode fazer a partir do Miradouro do Río, ou seja, desde o alto das montanhas até à praia do Risco, via Salinas del Río. Há sempre algum risco de desmoronamento em ambos os trilhos, mas a praia deserta lá é baixo é um assombro e as vistas sobre o arquipélago Chinijo são absolutamente fabulosas.

Ilhas (quase) selvagens

Tão esplêndidas são as vistas sobre o arquipélago que se torna tentador "dar o salto" até às Chinijo - o que em dialecto canário quer dizer "pequeno", justificando a alcunha de Canárias Menores. São, na verdade, compostas pela ilha de La Graciosa, com uma superfície de apenas 27 km2, a que se acrescentam os ilhéus de Alegranza, Montaña Clara, Roque del Este e Roque del Oeste. As Chinijo estão classificadas como reserva natural, reserva marinha e ainda reserva da biosfera, o que desde logo implica fortes restrições à sua visitação.

Roque del Este e Roque del Oeste são promontórios onde nem sequer há lugar para ancorar, Alegranza e Montaña Clara são propriedade privada. Resta, portanto, embarcar numa excursão entre as ilhas, de resto extraordinariamente ricas em vida marinha, ou então apanhar o ferry para La Graciosa. Para quem estiver em Famara ou algures na face ocidental de Lanzarote é, no entanto, necessário contornar as montanhas do Risco pelo interior, até atingir Orzola, no extremo nordeste da ilha, único ponto de contacto com as ilhas mais setentrionais das Canárias.

De Orzola à Graciosa são apenas dois quilómetros do braço de mar conhecido por Río, mas a viagem dura 20 minutos e só é pena não ser mais longa ainda. É um espectáculo, quer a atenção se fixe nos paredões vulcânicos do Risco que vão ficando para trás, quer se volte para as paisagens áridas que se anunciam na Graciosa. Desembarca-se na Caleta de Sebo, aldeia piscatória ao estilo mas mais exígua que Famara, onde hoje se concentram os menos de mil habitantes da ilha.

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