Fugas - Viagens

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As praias mais bonitas de Lanzarote

A Graciosa é também conhecida como única ilha da Comunidade Europeia onde não há estradas. Significa que ou se arrenda um dos raros 4x4 disponíveis, ou se recorre ao mais ecológico aluguer de bicicletas. O trilho mais popular segue na direcção da Montaña del Mojón e Las Agujas, antigos picos vulcânicos que se elevam a 266 metros, altitude máxima da ilha. Uma bifurcação para oriente conduz à povoação quase fantasma de Pedro Barba - meia dúzia de casas de pescadores convertidas em segundas habitações de férias, frente a uma enseada idílica. A praia virgem mais deslumbrante da Graciosa é, no entanto, a das Conchas, na ponta nordeste, mesmo em frente ao ilhéu de Montaña Clara.

A Graciosa será imbatível no capítulo das praias para gente que gosta de ter praia só para si, mas não dá jeito ir lá todos os dias. Para quem fica em Lanzarote e também não gosta de enchentes, uma boa alternativa são as praias que se encontram em redor de Orzola, frequentadas quase só por locais e aos fins-de-semana. A norte da povoação fica a Canteria, outra praia de mar tempestuoso, adorada pelos surfistas e nada recomendada a nadadores. Já a sul de Orzola, encontra-se uma sequência de calas de areias brancas e finíssimas, a contrastar com a negritude profunda dos veios rochosos que amiúde as sulcam. A combinação destes acidentes com a ondulação agitada torna quase proibitivo nadar em praias como as de Caleta del Mero, Las Cocinitas e Caleton Blanco. Já em Charca de la Laja, a última antes de chegar à povoação, há uma deliciosa lagoa de águas pouco profundas, verdadeira piscina natural criada pelo capricho das aflorações vulcânicas.

Em Teguise
A casa assombrada de Pepe

A cidade mais próxima de Famara (12 quilómetros) é Teguise, antiga capital de Lanzarote. Ensaio ou modelo das cidades coloniais de plano ortogonal do Novo Mundo, Teguise cresceu pouco depois da expansão marítima espanhola. As mais recentes receitas do turismo foram sobretudo empregadas para lhe restituir o pitoresco de há 600 anos. Tem castelo, igreja, casas senhoriais e um xadrez de ruelas antigas, onde agora funcionam restaurantes de receitas locais e lojas de produtos típicos.

Mas Teguise tem outro atractivo, não publicitado em nenhum guia turístico, nem sequer "postado" na Internet. A Casa Del Loco, como é localmente conhecida, fica mesmo à entrada da cidade, para quem chega de Famara. A vivenda em si é banal, mas o quintal está repleto de figuras esculpidas na pedra vulcânica local, em tamanho mais do que humano. Figuras gigantes e sobrenaturais, umas mais assustadoras, outras mais ingénuas, mas sempre à mistura com uma imensa tralha pop, a maior parte bonecos e aparelhos fora de prazo.

É um caso flagrante do que se convencionou chamar Ambiente Visionário, Art Naif ou Outsider, a prova de que em Lanzarote há mais talentos artísticos - e bem mais refractários à arte tradicional - para além do muito celebrado César Manrique. O autor destas insólitas esculturas e instalações responde pelo nome de Pepe, já passou a fasquia dos 70 anos de idade e pode ser encontrado no quintal, provavelmente à sombra de uma das suas enigmáticas esculturas. Por que razão lhes dá o seu tempo e as expõe à porta de casa? "A alguns dá-lhes para assaltar bancos, a mim deu-me para isto. É a minha vocação". E não mais quis dizer, preferindo deixar-nos mergulhar nos enigmas do seu jardim assombrado.

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