Fugas - Viagens

  • Mercado de Darajani, o maior de Zanzibar
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  • Praia de Bwejuu, considerada uma das mais belas do mundo (a Condé Nast Traveller colocou-a até no seu top-30)
    Praia de Bwejuu, considerada uma das mais belas do mundo (a Condé Nast Traveller colocou-a até no seu top-30)
  • Praia de Bwejuu,
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  • Praia de Bwejuu
    Praia de Bwejuu
  • Praia de Bwejuu
    Praia de Bwejuu
  • No Forte Árabe, um dos mais importantes de África, onde se realiza o festival de Sauti Za Busara (
    No Forte Árabe, um dos mais importantes de África, onde se realiza o festival de Sauti Za Busara ("sons da sabedoria")
  • Em Stone Town, a capital
    Em Stone Town, a capital
  • Em Stone Town
    Em Stone Town
  • Em Stone Town
    Em Stone Town
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    Em Stone Town
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    Em Stone Town
  • Em Stone Town, com Obama homenageado num pano
    Em Stone Town, com Obama homenageado num pano
  • Em Stone Town
    Em Stone Town

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Zanzibar, o encanto do Índico

Depois da escravatura, do comércio de marfim e das plantações de cravinho, Zanzibar encontrou no turismo uma razão de ser. A ilha possuía um dos mercados de escravos mais agitados de África, alimentado por negreiros, geralmente árabes, que transportavam as suas cargas humanas desde o interior do continente, o que quer dizer que muitos deles ou morriam nessa viagem ou, então, no transporte até ao destino final. A mortandade era de tal ordem que a ilha, que os marinheiros identificam ao largo pelo cheiro de cravinho no oceano, chegou a ser identificada como "Stinkybar", o que por si só já dá uma ideia da sua atmosfera na época.

O mercado de escravos já não existe, mas ficou uma réplica que dá uma pálida noção desses tempos nauseabundos. Como ficou a casa de Livingstone. A casa onde viveu antes da sua última partida para o interior do continente, na obsessiva tentativa de desvendar o local do nascimento das fontes do Nilo, foi transformada numa espécie de memorial.

Livingstone não foi o único a pernoitar nesta residência, que terá servido a muitos outros exploradores da época, quase todos britânicos. O explorador escocês, um dos leões do colonialismo britânico do século XIX, sempre fez de Stone Town ponto de partida e de chegada. Stone Town? Isso mesmo.

Zanj e bar

Stone Town, a capital de Zanzibar, ilha e arquipélago (que também inclui Pemba), é uma cidade de sultões. A cidade de pedra tem resistido aos solavancos do mar e da história; a última foi a fusão com o Tanganhica, que originou a criação da República Unida da Tanzânia, em 1964, algo que nem sempre foi pacífico. "Se Zanzibar tivesse a sua própria bandeira, dinheiro e exército, o desenvolvimento chegaria muito mais rápido", acredita Abdulah. Tal como Abdulah, muitos outros naturais do arquipélago pensam desta forma, pouco satisfeitos com o facto de as duas principais fontes de receita, o turismo e o cravinho, reverterem para os cofres de um Estado que tem a sua capital, em Dodoma, no continente.

As suas ruas estreitas, de casas de portas de madeira trabalhadas até à perfeição, formam labirintos que nos convidam à deriva, sem destino pré-estabelecido, como apetece fazer numa medina marroquina ou como os situacionistas tanto gostavam de fazer na Paris da década de 60. Aqui, nestas ruas, não há o risco de nos perdermos como nos labirintos de Fez, por exemplo. Há sempre uma comissura por onde o mar espreita.

Tal como aconteceu com o suaíli, também a arquitectura da cidade de pedra reflecte as várias fases históricas da ilha. Há tanto de árabe e de africano nestas ruas como de europeu ou indiano. Essa convivência, que politicamente nem sempre foi muito pacífica, é das riquezas mais incríveis desta ilha e desta costa oriental. De resto, Zanzibar deriva de zanj, gente negra em persa, e de bar, terra em árabe.

As casas de pedra de Stone Town têm sido restauradas ao longo dos últimos anos e os antigos telhados planos substituídos por telhados mais indicados para suster a chuva, a despeito do efeito que o zinco provoca na paisagem. Entre as velhas construções da negreira Zanzibar, os palácios dos sultões destacam-se com naturalidade. A começar pelo Beit el-Ajaib, o maior edifício da ilha, construído pelo sultão Bargash em 1883, que os ingleses destruiriam 13 anos depois.

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