Maria João Guimarães relatou no blogue Em Viagem a sua estada em Berlim
1. Hotel: Michelberger
O hotel Michelberger está numa localização privilegiada para qualquer boémio que se preze, entre Kreuzberg e Friedrichshain – numa antiga fábrica, como tanta coisa em Berlim. Não é um hotel para qualquer pessoa: apesar de ter design, não é um pequeno e encantador boutique hotel, nada disso. Poder-se-ia dizer que é um hotel com carácter. O tema quase se podia dizer que é a América em Berlim. Durante o fim-de-semana ouve-se country e blues no café e no terraço-esplanada, e o filme que está sempre a passar em loop em écrãs pelos corredores é The Big Lebowsky, dos irmão Cohen. Recentemente foi ainda palco de um concerto de Aloe Blacc (e foi lá que foi filmado este vídeo). O hotel é todo assente na ideia do design feito de material reciclável. Os quartos são pequenos mas confortáveis. Só uma nota: não há ar condicionado (apenas aquecimento central). No Verão, com o calor que às vezes faz em Berlim, talvez seja melhor escolher outro hotel.
Alternativa: O Circus, na Rosenthaler Platz, que tem versão hostel ou hotel, é outra óptima opção.
Michelberger hotel
2. Museu: bunker
Há museus para todos os gostos em Berlim: os clássicos vão ao Pergamon, os contemporâneos à Hamburger Banhof... mas um museu que é realmente uma experiência é a colecção Boros, tanto pela colecção como pelo local: um bunker. Pode-se ver a ventoinha rodopiante de Olafur Eliasson (que esteve já há alguns anos no MoMA, em Nova Iorque), a carroça fluorescente de Anselm Reyle (colocada num dos quartos-escuros que manteve as paredes pretas do tempo em que o bunker era um clube - “o mais duro de Berlim”), e os logos de marcas sem as marcas de Daniel Pflumm, entre muitos outros. Tem alguns (pré-)requisitos: é preciso uma inscrição antecipada no site para as visitas que são feitas apenas às sextas, sábados e domingos, e há apenas duas horas com visitas em inglês. Com um máximo de 10 participantes, as visitas duram cerca de hora e meia e custam 10 euros por pessoa.
Uma ressalva: a visita depende muito do guia – e nem todos são igualmente bons.
Há uma parte do bunker, no entanto, que nunca chega a ser vista: a parte de cima onde vive o casal de coleccionadores, Christian e Karen Boros. Apenas se vê, cá de baixo, alguma vegetação no telhado do bunker, em cima das pesadas paredes ainda cheias de marcas de tiros de artilharia. Ao sair empurrando a pesada porta de ferro é impossível não imaginar como será passar por ela todos os dias, para entrar e sair de casa.
Alternativa: o fantástico Museu Judaico de Daniel Libeskind, imprescindível para quem goste de história ou de arquitectura.
Sammlung Boros
Bunker, Reinhard Strasse, 20
Metro U6 Oranienburger Tor ou S-Bahn Friedrichstrasse
3. Restaurante alemão
Em Berlim é tentador visitar todos os restaurantes étnicos. Há tantos e bons, de tanto lado do mundo, que muitas pessoas não pensam em provar a cozinha alemã (e muitas declararão mesmo que esta se resume a chucrute ou currywurst). Mas para provar que estas pessoas estão erradas, uma boa opção pode ser ir ao Schneeweiss (Branca de Neve), onde se pratica uma sofisticada cozinha “dos Alpes” num ambiente a condizer: branco, clean, mas não frio. O meu tem clássicos com um twist moderno: knödel de pretzel, por exemplo. E há sempre uma opção vegetariana. O restaurante, em Friedrichshain, é tão popular que é quase sempre necessário uma reserva para jantar.
Alternativa: o mais descontraído café Marx, em Kreuzberg, não é indicado como “restaurante alemão” mas tem bons pratos tradicionais da Alemanha
Schneeweiss: Simplonstrasse, nº 16 metro e S-Bahn: Warschauer Strasse
(reservas: tel. 030.29049704)
4. Restaurante vietnamita
Entre os vários étnicos de Berlim os vietnamitas são uma boa opção, e muitos deles são também agradáveis casas de chá a visitar durante a tarde. Um dos mais apelativos, com uma esplanada ideal para as noites de Verão ou com uma sala agradável para os dias mais frios, é o Chen Che. Não tem o hype do Mr Vuong nem a sala cool em tons quentes, mas é um sítio em que se come talvez com mais calma. As sopas são deliciosas, com coentro e tamarindo, e por vezes os pratos têm ingredientes alemães, como espargos brancos, quando é época deles.
(Os vietnamitas são a maior comunidade asiática na Alemanha, algo que terá a ver com a ligação entre o regime comunista do país e a então República Democrática Alemã (RDA). A evitar são, claro, os vietnamitas-com-sushi, que normalmente não auguram nada de bom nem na comida vietnamita, nem no sushi).
Alternativa: Mamay, na Schönhauser Allee, um espaço clean com o que parecem ser bolas de sabão e comida bastante barata. Chen Che: Rosenthaler Str. 13, metro: Rosenthaler Platz