Fugas - Viagens

  • Uma viagem que cruza o Cazaquistão, Uzbequistão e Turquemenistão..
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Encontros, folias e visões no comboio da Rota da Seda

Capital do Uzbequistão desde que o país se tornou numa república autónoma, em 1930, Tasckent é uma cidade na maior parte construída segundo um modelo soviético. Uma das excursões que é obrigatório fazer é circular no metro, vigiado por polícia armada até aos dentes e ambiente 100% Guerra Fria (proibido fotografar). Mas as estações forradas a mármore e iluminadas com candelabros gigantes constituem uma inesperada declinação do metro de Moscovo, especialmente eloquente na estação que celebra a memória dos cosmonautas russos em enormes pratos cerâmicos.

Várias estações de metro têm, por outro lado, decorações cerâmicas de padrões geométricos, declinando influências islâmicas, que se foram acentuando na cidade à medida que se aproximava o fim da Cortina de Ferro. O que na verdade faz a diferença de Tasckent é um ramalhete de edifícios e obras públicas num estilo soviético-orientalizado, entre os quais se destacam o elegantíssimo Teatro Alisher Navoi, o fantasmagórico Circo, a orwelliana Torre de Televisão e o ondulante Hotel Uzbequistão, que até parece saído da cartilha de Oscar Niemeyer.

Islam Karimov, ex-primeiro secretário do Partido Comunista e presidente do Uzbequistão desde a declaração de independência em 1991, tem seguido o guião soviético tanto na falta de democracia como nas obras monumentais. A sua preferência parece, no entanto, ir para o estilo Palladio à moda de Washington, patente em edifícios como o Fórum, o Senado ou o Palácio das Quatro Salas. Estas obras serão menos fantasistas e bastante mais kitsch que os precedentes soviéticos, mas isso é discussão que fica para outra viagem.

Astana, a Samarcanda do século XXI

O comboio foi servindo para comer, dormir e chegar aos sítios durante a maior parte desta Rota da Seda revisitada. Já a experiência de estar a caminho ficou reservada para a recta final, o dia e meio que levou a percorrer non stop mais de 1600 quilómetros, desde a entrada no Cazaquistão até à chegada à capital Astana. Altura para pôr conversas em dia, beber uns vodkas e contemplar o longo desfile de estepes a perder de vista, acabadas de cobrir de uma fina camada de neve. Uma paisagem de uma monotonia hipnótica, daquelas que embalam a vista e fazem sonhar acordado, subitamente cortada pelo artifício urbano de Astana.

Porque tudo em volta é ainda e só estepe, não havendo um oásis, nem outros favores da natureza que justifiquem a implantação desta capital, que é justamente o que Astana quer dizer em cazaque. Na verdade, a capital histórica do país era Almaty, cerca de mil quilómetros a sudeste, até o megalómano presidente Nazarbaev decidir construir uma nova em meados dos anos 90, aproveitando o imenso espaço livre na margem esquerda do rio Yesil, frente a uma pequena cidade provinciana.

Aproveitando a riqueza súbita da antiga república soviética - território imenso, escassamente povoado, prendado com imensas reservas de petróleo, urânio, ouro e mais -Nazarbaev resolveu construir de raiz uma cidade futurista, que se mantém em estaleiro até 2030. Na maior parte já edificada está o Nurzhol Bulvar, eixo monumental da nova capital, ao longo do qual se alinham edifícios tão excêntricos como uma "Casa Branca" de cúpula azul que funciona como Palácio Presidencial, uma torre em entrelaçado de 97 metros de altura, coroada por um ovo dourado, que funciona como um símbolo da felicidade, ou ainda uma fonte cantante, que desempenha jogos de água e música em horário de Verão. A montra de arquitectura iconográfica que é Nurzhol Bulvar abre e fecha e com edifícios de Norman Foster, uma pirâmide de luz, aço e vidro numa ponta e na outra uma tenda que é um centro comercial com uma praia por cima.

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