Risnjak
A ponta nordeste da Croácia é ocupada por cadeias de montanhas na casa dos 800 metros de altitude. É a zona mais pluviosa do país, sulcada por lagos e cursos de água, sempre emoldurados por densas florestas. Mais de sessenta quilómetros (63,5, para sermos exactos) dessa espécie de Suíça mediterrânica insere-se no Parque Natural de Risnjak, área protegida a meio caminho entre a capital Zagreb e a cidade costeira de Rijeka. O parque funciona, por outro lado, como fronteira natural com a Eslovénia e já se avista Itália (província de Trieste) um pouco mais para ocidente.
Lembra a Suíça no género charmoso, sem forçosamente atingir o escalão do deslumbrante. Essa é uma explicação para o escasso número de visitantes, mesmo se o parque confina com uma das faixas litorais mais turísticas do Adriático. O sossego é, no entanto, uma grande compensação, para um mosaico de paisagens de montanha que no essencial se conservam como sempre foram. A vida selvagem é uma das principais atracções e há sérias hipóteses de avistar todo um sortido de bichos, desde ursos castanhos a serpentes venenosas, passando por borboletas, doninhas e veados. Isto para além das trutas e umblas, que se encontram em abundância nos rios.
A observação desta fauna variada é propiciada por uma série de trilhos sinalizados e Risnjak é sobretudo um parque para aficionados de caminhadas (ligeiras) e piqueniques. O destino mais cobiçado é Veliki Risnjak, o cume mais alto da cadeia de montanhas, que se eleva a 1528 metros e se atinge em cerca de três horas de trekkinga partir do centro de visitantes, na povoação de Bijela Vodica (800 metros). Há dois trilhos principais e é usual subir por um e descer pelo outro, atravessando florestas de faias e pinheiros, árvores que vão rareando à medida que se sobe, até se atingir uma pequena meseta de rochas dolomitas. Aí o prémio consiste em espreitar o mar, ao fundo da ondulante manta verde.
Outro percurso assinalado conduz à nascente do rio Kupa, serpenteando pelos vales retalhados por esse e outros cursos de água. Pelo caminho é natural que a atenção se fixe nas formas fantasmagóricas de raízes de árvores esventradas, bem como nas estreitas ripas de madeiras que cobrem a meia dúzia de chalets integrados na floresta. Isto até se atingir a nascente, ou melhor, o pequeno lago onde desaguam dois invisíveis veios de água, um lugar que dimana uma atmosfera quase mística. De volta ao centro de visitantes encontra-se um circuito de interpretação, que ilustra em 23 passos as particularidades do ecossistema de transição entre os Alpes e o Mediterrâneo.
Onde comer
Plitvice
No prado à beira do lago, onde se embarca para as cascatas superiores, encontram-se duas cabanas de madeira que servem grelhados e fast food, de preferência para consumir ao ar livre, em longos bancos corridos. Nos dias de enchente o ambiente não é muito diferente das zonas de recreio dos parques norte-americanos. Cá como lá, só se foge à overdose de calorias trazendo o farnel de casa.
Krka
Num ambiente fluvial estilo paisagem impressionista, nada cai melhor que os licores e figos secos em trança, vendidos por velhotas pitorescas em bancadas improvisadas à beira da zona de banhos.
Paklenica
Quem planeia passar um ou mais dias neste parque (que tem refúgio de montanha), deve primeiro abastecer-se de mantimentos nos supermercados mais próximos. Em Starigrad Paklenica há vários restaurantes, o mais prestigiado dos quais é o 4 Ferala (Joze Dokoze 20), que cozinha com ervas medicinais colhidas nas montanhas.
Risnjak
Tudo cheira bem e sabe melhor ainda, até se perceber que há qualquer coisa que não bate certo na ementa do restaurante, anexo ao posto de acolhimento do parque. Os pratos principais são de caça numa zona onde caçar é um crime. Depois há sopas de cogumelos e tartes de frutos vermelhos (deliciosas, sublinhe-se), produtos que têm em comum serem proibidos de colher no parque. Eles é que sabem...