Fugas - Viagens

  • Tomar. Igreja de São João Baptista. Miguel Manso
    Tomar. Igreja de São João Baptista. Miguel Manso
  • Tomar. A Igreja de Santa Maria do Olival contém vários elementos simbólicos
    Tomar. A Igreja de Santa Maria do Olival contém vários elementos simbólicos Miguel Manso
  • Tomar. Igreja de Santa Maria do Olival - estrela de cinco pontas
    Tomar. Igreja de Santa Maria do Olival - estrela de cinco pontas Miguel Manso
  • Tomar. Convento de Cristo.
    Tomar. Convento de Cristo. "O mestre" (sobre este, um carvalho - a Árvore da Vida) MIguel Manso
  • Tomar. Convento de Cristo
    Tomar. Convento de Cristo Miguel Manso
  • Tomar. Pormenor no Convento de Cristo
    Tomar. Pormenor no Convento de Cristo Miguel Manso
  • Tomar. Convento de Cristo
    Tomar. Convento de Cristo Miguel Manso
  • Tomar. Convento de Cristo. Janela Manuelina do Coro
    Tomar. Convento de Cristo. Janela Manuelina do Coro MIguel Manso
  • Rocha da Mina, Alandroal
    Rocha da Mina, Alandroal DR
  • Panóias: um templo dedicado à divindade Serápis
    Panóias: um templo dedicado à divindade Serápis Paulo Ricca
  • Aldeia Histórica de Castelo Novo, Fundão, Gardunha
    Aldeia Histórica de Castelo Novo, Fundão, Gardunha Paulo Ricca
  • Mosteiro do Salvador de Paço de Sousa
    Mosteiro do Salvador de Paço de Sousa Paulo Ricca
  • Mosteiro do Salvador de Paço de Sousa, Vale do Sousa
    Mosteiro do Salvador de Paço de Sousa, Vale do Sousa Paulo Ricca
  • Mosteiro do Salvador de Paço de Sousa
    Mosteiro do Salvador de Paço de Sousa Paulo Ricca
  • Mosteiro do Salvador de Paço de Sousa
    Mosteiro do Salvador de Paço de Sousa Paulo Ricca
  • Mosteiro do Salvador de Paço de Sousa
    Mosteiro do Salvador de Paço de Sousa Paulo Ricca
  • A capa de
    A capa de "Lugares Inesquecíveis de Portugal"

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Há um Portugal mágico para redescobrir

Excelentes exemplos deste Românico, rural e nortenho, são a Capela de São Cristóvão de Rio Mau, em Vila do Conde, de uma enorme complexidade simbólica, e de Sanfins de Friestas, entre Valença e Monção, profusamente decorada, mas sem um único símbolo cristão. A maior concentração de jóias daquela época encontra-se, porém, no Vale de Sousa, justificando inclusive a exploração turística de uma Rota do Românico. Neste mapa cabe destacar o Mosteiro do Salvador de Paço de Sousa, ligado à família Ribadouro desde o século X e depois também a Egas Moniz - o famoso aio de D. Afonso Henriques, que no domínio construiu o seu paço, vindo nele a ser sepultado.

O sítio está profundamente enraizado numa cultura panteísta de estreita ligação com a natureza. A prova mais gritante é o Carvalho Sagrado, que se manteve de pé frente ao mosteiro até ao século XIX e durante séculos serviu de Domus Justitiae dos coutos de Paço de Sousa e Casconha. Quer isto dizer que sob a sua copa se realizavam audiências e se tomavam as decisões da justiça local. O carvalho acabou por ser cortado para dar espaço a uma pequena capela, mas o mosteiro está bem conservado e visita-se.

"Ainda hoje tem um atmosfera mística", assegura o autor. "Entra-se e aparece logo o céu e a lua no tímpano, que representam o princípio masculino e feminino." Toda a igreja está construída segundo os pontos cardeais, ou seja, de acordo com uma geografia mítica, detalhada em Portugal Inesquecível: "A norte situa-se o cemitério, recebe a luz a oriente e a ocidente o pórtico do céu confirma o eixo norte-sul com a passagem da lua (a norte do tímpano) ao sol (a sul do tímpano) seguindo este mesmo eixo, passa-se da mísula com a cabeça de touro, símbolo telúrico (energias da terra) e do candidato à sabedoria, associado ao quatro, à mísula com o sacerdote sábio, o druida com a barba, símbolo da maturidade."


Fragas de Panóias, Vila Real

Em Vale de Nogueiras, a meia dúzia de quilómetros de Vila Real, encontram-se três grandes fragas com cavidades talhadas na rocha. O maior destes monólitos tem seis metros de altura e uma escadaria de nove degraus, que conduz às pias esculpidas lá em cima.

Uma inscrição na pedra revela tratar-se de um templo dedicado a Serápis, divindade de origem greco-egípcia, entretanto romanizada. Atribuíam-se-lhe poderes curativos e a capacidade de guiar os vivos através do mundo das trevas. O santuário surgiu há coisa de 1800 anos e estaria reservado a cerimónias secretas em honra desse deus supremo do submundo. Recinto longamente abandonado, Fragas  de Panóias foi já neste milénio cercado e rematado por um pequeno centro de interpretação.

Gente com queda para filmes de terror ficará certamente encantada com as descrições das cerimónias de iniciação nos mistérios de Seráfis, centrados no sacrifício de animais, sobretudo bovídeos. O sangue das vítimas era vertido em pias, para ser bebido e usado nas abluções do círculo de iniciados. Panóias é, de resto, um desses sítios onde se sente uma vibração telúrica especial e há fortes indícios de que antes dos Romanos introduzirem o culto de Seráfis, o lugar servia já de santuário, provavelmente usado para os Lapitaes prestarem culto aos seus deuses.

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