Como capital, Fort-de-France tem pouco mais de cem anos, cerca de cem mil habitantes e não muito que se veja: a Biblioteca Schoelcher, versão mais festiva do mesmo figurino ecléctico da lisboeta Casa-Museu Anastácio Gonçalves; a catedral de Saint-Louis, expressão monumental do neogótico by the book; o hotel L'impératrice, elegante variação sobre o estilo paquete dos anos 1950; e um par de mercados abertos, pitorescos, mas cada vez mais turísticos. Há outra atracção, que já é menos turística, ou mais sociológica: as casas e cabanas improvisadas, que se vão sobrepondo caprichosamente sobre os morros em volta do rio e até ao mar, numa inesperada derivação local do modelo de arquitectura instantânea das favelas brasileiras.
Mesmo arruinada e adormecida, ou por isso mesmo, Saint-Pierre é infinitamente mais interessante. A cidade resume-se a meia dúzia de ruas paralelas, sulcadas entre a praia e o morro, que pouco devem ter mudado desde a fatídica erupção da montanha Pelée. Os edifícios mais iconográficos foram reconstruídos, nomeadamente a belíssima Casa da Bolsa e a imponente Catedral - esta, porém, só até meia altura das suas duas torres - e talvez por isso foi "descatedralizada", em favor do seu derivado em Fort-de-France. De resto, porém, as casas hoje de pé em Saint-Pierre parecem ter sido levantadas com os restos das antigas e há mesmo um par de edifícios mantidos em ruínas, só paredes enegrecidas e interiores já comidos pela vegetação, para que se veja como ficou a cidade depois da catástrofe natural há cem anos.
Hoje em dia há menos de cinco mil almas a residir em Saint-Pierre - e até se diria que são menos - numa cidade que parece ainda não ter superado o trauma e sobretudo estar à espera de outro a qualquer momento. O que falta em animação à antiga capital sobra-lhe em romantismo, que se torna ainda maior quando se sobe a tortuosa Via Crucis, ladeira escavada à beira do precipício, até ao alto da Virgem dos Marinheiros (obra de 1870, refeita em 1921). Daí se disfruta de uma das vistas mais esplêndidas, mas também mais fotogénicas da ilha, quando se ganha um olhar panorâmico sobre a pequena concha urbana recortada junto ao mar e o vulcão todo-poderoso que eleva quase a pique nas suas costas.
Guia prático
Como ir
A Air France liga Lisboa a Fort-de-France nove vezes por semana, sempre com escala em Paris, mas umas com passagem pelo aeroporto de Orly e outras por Charles-De-Gaulle. O bilhete de ida e volta em económica custa 1063€, em classe Premium (mais 40% de espaço em relação ao assento de económica) são 1722€ e em executiva (poltrona de 2m por 61cm, sistema de divertimento on demand) são 3242€, sempre com taxas incluídas. Mais detalhes sobre horários e tarifas em www.airfrance.pt/, ou através da central de reservas 707202800.
Onde ficar
Club Med Les Boucaniers, Pointe Marin, Sainte-Anne
Primeiro a abrir nas Antilhas, o Med da Martinica inaugurou em 1969 e por isso pôde escolher o sítio, na baía de Le Marin, uma das mais bonitas da costa sudoeste da Martinica. Ampliado e renovado em 2005, Les Boucaniers conta actualmente com 293 quartos em bungalows, sobretudo destinado a famílias com filhos em idade escolar. Além da praia de águas turquesa, areias finas e coqueiros, um acento especial é colocado em actividades desportivas como o esqui aquático e o wakebord. Uma semana de férias custa, no escalão mais económico, entre 890€ em Setembro e Outubro e 1180€ na primeira quinzena de Agosto. Mais informações em www.clubmed.com. Reservas através da Agência Club Med, Rua Andrade Corvo, 38, Lisboa; tel.: 213309696.