Com o postal, “uma pessoa sente-se mais feliz”
Num tempo em que a maioria das pessoas envia e recebe mensagens via telemóvel ou net, a troca de postais parece uma actividade cada vez mais anacrónica. Mas os números do Postcrossing parecem mostrar o contrário. São cada vez mais os interessados por este mundo, em que o deslumbramento pelos métodos de comunicação mais antigos se sobrepõem aos mais modernos.
A propósito, Adriana Tavares comenta que "uma pessoa sente-se muito mais feliz e aconchegada se receber um postal do que se receber um e-mail ou uma SMS". João acrescenta: "São realidades díspares. Enviar um e-mail ou uma SMS pode ser barato e rápido, mas não consegue ser palpável nem físico. Tenho postais que nunca me farto de olhar. Um e-mail é capaz de me cansar depois de algum tempo".
O criador do site concorda. Para Paulo Magalhães, há utilizações adequadas para o e-mail e a SMS, mas também há mensagens para as quais os postais são melhores. "A facilidade e o factor instantâneo do e-mail são imbatíveis e não me ocorreria usar postais para comunicação profissional", admite. No entanto, os postais "demonstram interesse e dedicação por parte de quem os envia: mostram que somos relevantes para essas pessoas. O e-mail é cada vez mais distante, frio, descartável, desprovido de significado", acrescenta o engenheiro informático. E lembra: "Quem é que imprime e-mails e os cola no frigorífico lá de casa?".
A segurança é também o segredo do negócio
Uma das grandes dúvidas dos participantes do Postcrossing prende-se com a segurança, já que têm que fornecer as suas moradas a terceiros para que o sistema funcione. No entanto, Paulo afirma que são tomadas todas as medidas para que os utilizadores estejam seguros: "Nós levamos a privacidade e a segurança dos dados dos nossos utilizadores bastante a sério. Uma grande parte do trabalho de gestão do projecto é relacionado com manter estes dados seguros".
O gosto pela troca e o bom funcionamento do site parecem ser os pilares do site, onde se pode saber, aliás, em tempo (quase) real quem enviou e quem recebeu. Ou ficar a saber que são trocados 299 postais por hora e que andam mais de 490 mil postais a viajar.
Com o número, tanto de utilizadores como de postais trocados, a não mostrar sinais de abrandamento, o fundador confessa-se orgulhoso do seu projecto. "É muito bom saber que a cada minuto que passa, há pessoas algures no mundo a receberem um sorriso na caixa de correio, através de algo tão simples como o postal – pessoas de contextos e culturas muito diferentes que de outra forma nunca se conheceriam", afirma, antes de realçar o facto de que, em 2011, os correios Holandeses (PostNL) "decidiram criar um selo comemorativo do Postcrossing que pode ser enviado para todo o mundo", e que é a soma de tudo isto que transforma este projecto "em algo que dá bastante satisfação trabalhar".