Num miniautocarro, o mais discreto possível, escoltado pela polícia, uma dezena de turistas ocidentais, com câmaras fotográficas a tiracolo, partem à descoberta de Bagdad. Uma imagem incomum avistada num país que vive ao ritmo dos atentados.
O governo iraquiano gostaria de pensar que se trata de um avanço para o país, que se proclama "o berço da civilização", no sentido da abertura ao turismo cultural de massas. Até porque, paradoxalmente, o Iraque é, de facto, um destino turístico. Mas, quase exclusivamente, de turismo religioso, com milhões de peregrinos, principalmente iranianos, a chegarem para visitarem os locais sagrados do xiismo, um dos ramos do Islão.
Os raros outros turistas que se aventuram pelo país, quase sempre em viagens organizadas por agências, fazem-no evitando as áreas demasiado perigosas.
"Há muito que queria vir aqui", explica Greg Lessenger, um turista norte-americano que se passeia pela estação central de Bagdad. "Não viria sozinho", confessa. Mas quando ouviu falar de um operador turístico que programa viagens pelo Iraque, decidiu que chegara o momento de "agarrar" a oportunidade.
"Os árabes, a História, a arqueologia (...) apaixonam-me", sublinha, por seu lado, Lynda Coney, uma britânica que participa na mesma viagem, organizada pelo operador britânico Hinterland Travel.
Guiados por Geoff Hann, proprietário da agência de viagens, o grupo desloca-se em miniautocarro, sem quaisquer marcas distintivas. A viagem, de 15 dias, leva-os ao Curdistão (no norte), a Bassorá (no sul), através de Nimrud e Hatra, antigas cidades da Mesopotâmia, na antiga Babilónia, e pelas cidades santas de Kerbala e Najaf.
O custo da viagem organizada por este operador turístico, um dos poucos aprovados pelo governo, é de 3100 euros, sem contar com bilhetes de avião e vistos.
Refira-se que a obtenção de vistos de entrada e de saída do território também pode atingir um grau de dificuldade desencorajante para o visitante individual: os serviços de segurança guardam com mão de ferro a sua atribuição.
Alguns turistas, particularmente temerários, obtém um visto de entrada exclusivo para o Curdistão, à sua chegada ao norte do país, antes de tentarem passar ao sul sem a devida autorização. As embaixadas estrangeiras desaconselham vivamente esta prática.
Até porque o principal problema do país continua a ser a segurança. Atentados suicida ou carros-bomba são frequentes e causam dezenas de vítimas. Regularmente, visam lojas, mercados ou mesquitas. Os cafés ainda eram relativamente poupados mas, desde há algumas semanas, deixaram de ser excepção.
Mesmo os jornalistas, empresários e diplomatas evitam sair à rua sem guarda-costas, particularmente pelo receio de sequestros.
"Sempre que falamos do Iraque na Europa, a primeira coisa em que pensamos é em terrorismo e violência", lamenta Baha al-Maya, assessor do ministro do Turismo. "É essencial mudarmos esta imagem. É preciso redobrar esforços para explicar às pessoas que o Iraque não é o país do terrorismo e das carnificinas, mas um país de História e de civilização", realça.