Fugas - Viagens

  • Regresso ao Brasil, que acolhe em 2014 o Mundial de Futebol
    Regresso ao Brasil, que acolhe em 2014 o Mundial de Futebol Pilar Olivares/Reuters
  • Brasil, Salvador da Bahia (Pelourinho)
    Brasil, Salvador da Bahia (Pelourinho) Enric Vives-Rubio
  • Brasil, Manaus (no rio Negro)
    Brasil, Manaus (no rio Negro) António Menezes/Reuters
  • Brasil, Brasília (Museu Nacional)
    Brasil, Brasília (Museu Nacional) Ricardo Moraes/Reuters
  • Escócia, Muralha de Adriano, Crag Lough, Northumberland
    Escócia, Muralha de Adriano, Crag Lough, Northumberland Toby Melville/Reuters
  • A Escócia é um dos países que estão debaixo dos holofotes em 2014, com Glasgow, na foto, a disputar atenções com Edimburgo
    A Escócia é um dos países que estão debaixo dos holofotes em 2014, com Glasgow, na foto, a disputar atenções com Edimburgo DAVID MOIR/REUTERS
  • Inglaterra: Stratford-upon-Avon, a
    Inglaterra: Stratford-upon-Avon, a "Shakespeareland". Em 2014, celebram-se 450 anos do nascimento do dramaturgo EDDIE KEOGH/REUTERS
  • Bélgica, Bruxelas
    Bélgica, Bruxelas Luis Maio
  • Letonia: Riga, uma das capitais europeias da cultura em 2014
    Letonia: Riga, uma das capitais europeias da cultura em 2014 INTS KALNINS/REUTERS
  • Letonia: Riga, uma das capitais europeias da cultura em 2014
    Letonia: Riga, uma das capitais europeias da cultura em 2014 INTS KALNINS/REUTERS
  • Suécia, Umeå, uma das Capitais Europeias da Cultura. Aurora boreal vista na região
    Suécia, Umeå, uma das Capitais Europeias da Cultura. Aurora boreal vista na região DR/visitumea.se
  • Suécia, Umeå, uma das Capitais Europeias da Cultura. Junto ao rio
    Suécia, Umeå, uma das Capitais Europeias da Cultura. Junto ao rio DR/visitumea.se
  • Suécia, Umeå, uma das Capitais Europeias da Cultura. Centro da cidade com a câmara municipal em destaque
    Suécia, Umeå, uma das Capitais Europeias da Cultura. Centro da cidade com a câmara municipal em destaque DR/visitumea.se
  • Bósnia-Herzegovina: Sarajevo
    Bósnia-Herzegovina: Sarajevo Danilo Krstanovic/Reuters
  • Sochi, na Rússia, recebe os Jogos Olímpicos de Inverno
    Sochi, na Rússia, recebe os Jogos Olímpicos de Inverno Maxim Shemetov/Reuters
  • O Parque Olímpico de Sochi, centro dos Jogos Olímpicos de Inverno
    O Parque Olímpico de Sochi, centro dos Jogos Olímpicos de Inverno MIKHAIL MORDASOV/AFP
  • EUA: Nova Orleães
    EUA: Nova Orleães Lee Celano/Reuters
  • Nova Orleães: o renascimento, qual fénix mas a erguer-se das águas
    Nova Orleães: o renascimento, qual fénix mas a erguer-se das águas ROB CARR/AFP
  • Nova Zelândia, rumo às cataratas de Taupo's Huka
    Nova Zelândia, rumo às cataratas de Taupo's Huka Mike Hutchings/Reuters
  • Nova Zelândia, nas docas de  Wellington
    Nova Zelândia, nas docas de Wellington Marcos Brindicci/Reuters
  • Nova Zelândia, pôr-do-sol sobre Auckland
    Nova Zelândia, pôr-do-sol sobre Auckland Mike Hutchings/Reuters
  • China, Hunan: Changsha, a capital da província
    China, Hunan: Changsha, a capital da província Reuters
  • China, Hunan. Agricultores no lago de Dongting Hu
    China, Hunan. Agricultores no lago de Dongting Hu WWF
  • Malásia, as Torres Petronas
    Malásia, as Torres Petronas BAZUKI MUHAMMAD / REUTERS
  • Madagáscar
    Madagáscar Thomas Mukoya/Reuters
  • Madagáscar
    Madagáscar Mike Hutchings /Reuters

14 destinos para 2014

Por Andreia Marques Pereira

Brasil, claro. Mas não só. Para onde vamos viajar em 2014?

Brasil

O Brasil sempre foi uma atracção quase irresistível para Portugal e é-o cada vez mais para todo o mundo, bem o sabemos. Mas em 2014 é incontornável, ou não fosse o maior país da América do Sul o anfitrião do maior evento desportivo do ano. Sim, o Campeonato Mundial de Futebol colocou o Brasil no topo de todos os tops de destinos do ano e sabemos que daqui não sairá pelo menos até 2016, o ano dos Jogos Olímpicos. Se o mundial é o pretexto, os portugueses já sabem onde deveriam ter o poiso mais constante: Campinas, no interior do estado de São Paulo, a sede da selecção nacional, que daqui viajará, pelo menos, para Salvador da Bahia, Manaus e Brasília — se passar a fase dos grupos, o périplo alarga-se.

Por enquanto começamos por Salvador, na Bahia, “estação primeira do Brasil”, como canta um dos mais famosos baianos, Caetano Veloso: apresenta-se como a mais alegre cidade brasileira e não desilude, no seu encanto colonial, no seu sincretismo religioso, na sua música contagiante, na sua gastronomia farta. Um salto (longo, é verdade) ao interior baiano desvenda a Chapada Diamantina, região serrana plena de maravilhas naturais — incluindo mãos-cheias de “cachoeiras” cristalinas.

Seguimos para Norte, até Manaus, capital do estado da Amazónia. Já foi conhecida como a “Paris dos trópicos”, resultado da febre da borracha que no virar do século XIX para o XX fizeram a cidade fundada pelos portugueses no século XVII atingir o seu apogeu. O seu declínio foi sol de pouca dura e a criação da zona franca deu novo fôlego à cidade que vê correr o rio Amazonas depois da união dos rios Solimões e Negro. E, conquistada que foi Manaus à floresta tropical, esta nunca está longe — um dia pode começar na natureza e acabar no famoso Teatro Amazonas.

Terminamos em Brasília, a capital brasileira e utopia feita realidade de Oscar Niemeyer. Criada do zero no Planalto Central, coração do país-continente, a cidade património mundial é um paradigma do urbanismo do século XX. E não deixa de surpreender os visitantes não só pela sua arquitectura grandiosa como pela qualidade de vida — tudo aqui foi feito para a proporcionar e a vida que cruza as enormes avenidas e bairros escrupulosamente desenhados deixam perceber que o objectivo foi conseguido.

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Escócia

Na Escócia, 2014 promete ser um sem fim de eventos que até pode terminar com um novo país, independente do Reino Unido. Setembro será o mês da grande decisão: independência ou não. Mas, até lá, este pequeno país vai mostrar a sua raça, indomável e orgulhosa, acolhedora e relaxada. O acontecimento mais simbólico neste sentido será, indubitavelmente, o Year of the Homecoming, o “ano do regresso a casa”, com o qual o governo escocês pretende homenagear as suas gerações de emigrantes promovendo uma redescoberta das raízes. A Escócia, do Sul às Terras Altas, vai ser assim um palco-casa imenso para a diáspora escocesa que volta à pátria-mãe, qual bom filho que à casa torna, para celebrar a sua herança e tradições, desde os desportos mais arreigadamente locais, como o arremesso do tronco, à música e dança, passando pela gastronomia peculiar (imaginamos que o haggis seja prato indispensável à mesa) e a bebida universal (o whisky não deverá faltar nas celebrações) e local (as cervejas artesanais são uma afirmação regional) — slainté!, portanto.

Este vai ser também o ano em que Glasgow irá fazer mais sombra a Edimburgo. Ao anual Fringe Festival, que é motivo de romaria à capital em Agosto, Glasgow vai responder com os XX Commonwealth Games, que no Verão serão um íman para os fãs de desporto. Para receber as multidões que vêm de todos os cantos do antigo império britânico, a cidade veste-se de novo. Um investimento de muitos milhões não só construiu novos recintos desportivos, como melhorou a rede dos transportes e, não menos importante, reabilitou a zona do porto.

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Stratford-upon-Avon

Se há figura tutelar para 2014, essa será William Shakespeare, o dramaturgo e poeta inglês que nas suas peças percorreu meio mundo e foi ao fundo da psicologia humana. No ano em que se cumprem 450 desde o seu nascimento não faltarão, decerto, celebrações mas o ponto alto será, com certeza, na sua cidade natal — Stratford-upon-Avon. Esta é uma espécie de “Shakespeareland” onde tudo parece ter relação com o Bardo e onde está sediada a companhia teatral que leva o seu nome, a Royal Shakespeare Company, imponente edifício em cenário bucólico junto ao rio Avon, onde a sua obra é revisitada ao longo de todo o ano.

Este ano, a celebração do aniversário (a 23 de Abril), uma tradição com mais de 200 anos, é no fim-de-semana de 26 e 27 de Abril, o mais próximo do dia. Nesses dias, esperam-se que as comemorações da vida e obra de Shakespeare saiam à rua pela mão de performers e artistas que vão encher a cidade de música, teatro, recriações históricas; e que entrem pelas casas “shakespeareanas” com actividades especiais.

São cinco as casas associadas à vida de Shakespeare que podem ser visitadas em Stratford-upon-Avon. Não só contam parte da história da vida do poeta como são uma janela para uma viagem no tempo, até ao século XVI. A meca de todas as peregrinações é a casa onde nasceu Shakespeare, uma casa de estilo Tudor, com as suas grelhas de madeira sobre paredes brancas e os seus telhados inclinados. A Anne Hathaway Cottage (onde cresceu a sua mulher), a Anne Arden’s House (a quinta onde viveu a mãe), a Nash’s House (onde Shakespeare viveu desde 1597 até à sua morte – apenas vestígios, uma vez que foi demolida no século XVIII) e Hall’s Croft (onde viveu a sua filha mais velha, a dois passos a Holy Trinity Church, onde Shakespeare está enterrado), completam as “propriedades shakespeareanas” que são o motor do turismo em Stratford-upon-Avon. A alguns quilómetros da pitoresca cidade, o magnífico castelo de Warwick merece uma visita: 11 séculos de vida tornam-no um marco em Inglaterra.

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Bélgica

Foi o mais mortífero conflito mundial e é difícil imaginar que algumas das suas batalhas mais sangrentas tiveram lugar na placidez das planícies belgas. Em 2014 assinala-se o centenário do início da I Guerra Mundial e na Bélgica essa memória vai estender-se até 2018, o centenário do seu fim. É um bom pretexto para recordar e prestar homenagem a todos os que combateram e aos que caíram num conflito que mudou irremediavelmente o rumo da história mundial. E para explorar um país que é várias vezes negligenciado para além da sua capital, Bruxelas, a encruzilhada de uma Europa em busca de um significado.

Neste país, dividido entre valões e flamengos e ciclicamente assolado por vagas secessionistas, entre 10 mil e 15 mil portugueses terão perdido a vida nesse grande conflito mundial. Portugal só declarou guerra à Alemanha em 1916, e só em 1917 partiu o Corpo Expedicionário em direcção à Flandres. O suficiente para em La Lys (Ypres), numa das mais cruéis batalhas da guerra, sofrer uma das mais pesadas derrotas militares da nossa história. Por aqui, os monumentos ao soldado desconhecido ergueram-se um pouco por todo país, em Ypres (ou Ieper no seu nome flamengo), a Porta de Menin, perto do mercado local, é uma homenagem às dezenas de milhar de soldados que permanecem “perdidos” nos campos de batalha. Os nomes estão gravados na pedra e todos os dias, às 20h, a rua que passa sob o arco é fechada ao trânsito e é tocado Last Post. Em Ypres, o conflito é recordado em museus e em vários locais que não deixam morrer a lembrança e as consequências da guerra. O mesmo na zona de Brugges, por exemplo, na qual se situa a chamada “Trincheira da Morte”, um exemplo único da vida em batalha.

À boleia da memória, explore-se um país com vilas medievais e cidades cénicas, como Bruges, Ghent ou Antuérpia, com gastronomia e bebida rica (as cervejas belgas têm fama de ser as melhores do mundo), museus de grandes mestres, velhos e novos (de Breugel e Van Eyck a Magritte) e de ícones pop (Tintim), praças monumentais e canais. Entre Abril e Julho, os campos de batalha da Flandres, na frente ocidental, transformam-se em campos de papoilas — o que acaba por ser mais uma metáfora dos tempos de guerra.

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Riga

Partilha com a cidade sueca Umeå o título de Capital Europeia da Cultura e há alguma ironia no facto de Riga já ter sido a maior cidade da Suécia. Tempos longínquos, esses, quando a capital letã foi um peão geoestratégico nas mãos das grandes potências vizinhas. Desde o desmantelamento da URSS, a Letónia tem vindo a trilhar um caminho independente e orgulhoso da sua cultura.

O ano de 2014 será importante para afirmar a cidade e o país no mapa europeu, mas o seu charme já não é um segredo. O emaranhado de ruas empedradas, os edifícios de madeira e a arquitectura medieval da cidade antiga transformam Riga numa cidade de conto de fadas, cuja atmosfera domina mesmo quando transborda para as grandes avenidas e para as fachadas austeras do modernismo soviético. O vasto conjunto arquitectónico Art Noveau também brilha neste cenário, animado por uma nova geração de lojas, cafés e bares que emprestam uma dinâmica renovada à cidade.

A cultura já é uma presença vital em Riga, em 2014 será o epicentro da sua vida. Com centenas de eventos programados, a multiculturalidade será a palavra-chave. Ou não fosse esta cidade uma tradicional encruzilhada de rotas comerciais, mercê da sua localização no Báltico. Agora como antes, todos os caminhos (culturais, pelo menos) vão passar por aqui.

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Umeå

Entre auroras boreais e dias que brilham durante 24 horas, vai instalar-se uma das capitais europeias da cultura 2014. É Umeå, cidade universitária do Norte da Suécia, uma das anfitriãs do maior evento cultural europeu anual. Com uma dinâmica jovem acelerada nas últimas décadas desde a abertura da universidade, Umeå tem vindo a assumir um cosmopolitismo resultante da sua política declarada de apoio às artes e cultura — o motor do seu desenvolvimento. O título de Capital Europeia da Cultura é, portanto, como um culminar natural desta cidade que em 2014 continua a apostar nas associações, organizações e instituições locais como co-criadoras de um programa que ambiciona ser sobretudo um plantar de sementes para o futuro.

Apesar disso, Umeå aproveita o título para se renovar e reforçar a sua oferta cultural. Nas margens do rio Umeälven está a ser construído o edifício mais emblemático, uma arena cultural de seu nome Väven. Será um hotel, um restaurante e um centro de cultura à laia de incubadora experimental onde, sob um mesmo tecto, se vai propor o cruzamento de várias linguagens: haverá espaços para o desenvolvimento de música, dança, artes e artesanato – e para o seu encontro.

Nos arredores da cidade, a natureza agreste destas paragens oferece-se para as mais variadas actividades, seja nas praias do seu litoral de 150 quilómetros, ou nos campos verdejantes para caminhadas ou nevados para esqui nórdico ou snowboarding. A cultura e a natureza andam de mãos dadas neste canto da Suécia, o país frio e belo que anda na boca do mundo graças ao sucesso de Stieg Larsson, que se vai transformar num dos palcos da Europa a partir do fim-de-semana de 31 de Janeiro a 2 de Fevereiro.

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Sarajevo

Durante a guerra dos Balcãs foi considerada a cidade mais perigosa do mundo, mas esse é o passado. Por estes dias, Sarajevo tenta sacudir as memórias de mais esse conflito que a assolou, ao mesmo tempo que se prepara para assinalar a morte do arquiduque Francisco Fernando, o herdeiro do império austro-húngaro, cujo assassínio nas ruas da cidade foi o rastilho para a I Guerra Mundial. Um dos acontecimentos mais simbólicos será o chamado Evento da Paz, com festivais de música e de cinema, acções de rua, apresentações artísticas, exposições. “De um mundo de guerra e violência a uma cultura da paz e não-violência” é o mote, apropriado para uma cidade que esteve sempre na linha da frente das grandes fracturas civilizacionais da história europeia: aqui o império romano dividiu-se entre Ocidente e Oriente, aqui conviveram católicos, ortodoxos e muçulmanos do império otomano.

As ruas da cidade que (uma vez mais) se reergue reflectem essa diversidade, esse encontro de civilizações. Sobretudo na cidade antiga, que deve mais ao Oriente do que ao Ocidente, com o seu colorido de vendedores e o ubíquo aroma a café que aqui é um ritual para ser concretizado com calma — à turca. Do mesmo modo, tanto passamos por igrejas ortodoxas, como por mesquitas e sinagogas. E em 2014 vamos assistir ao final da reconstrução da biblioteca nacional, destruída em 1992, com dois milhões de livros no interior. Este marco arquitectónico da cidade, em estilo mourisco, vai reabrir como paços do concelho que era, afinal, a sua função original.

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Sochi

Há algo de incongruente nestes Jogos Olímpicos de Inverno de 2014 na Rússia. Com tanta neve no gigantesco país, a localização escolhida foi a mais improvável porque Sochi, a cidade à beira do Mar Norte eleita, é mais de palmeiras do que de coberturas geladas. Não é à toa que é conhecida como a pérola da Riviera russa. A neve visita-a, mas não fica muito tempo. O mesmo não acontece nas montanhas do Cáucaso, à distância de 30 minutos de comboio. Será aí que se realizarão algumas provas — nomeadamente as de esqui — com vista para o Parque Nacional de Sochi. As provas de pavilhão-estádio serão, então, em Sochi, capital do Verão russo, que recebe quatro milhões de veraneantes por ano.

Sochi, no local onde a Europa e a Ásia se encontram, tornou-se uma cidade balnear no início do século XX, e tornou-se moda quando Estaline ali construi a sua dacha — a casa de férias do governante é uma das atracções turísticas da cidade. Agora está num ponto de transição — grandes marcas mundiais instalam-se entre antigos complexos hoteleiros para trabalhadores da era soviética, a construção (nem sempre ordenada) está em alta. Alheia a tudo isso, a linha de costa, rochosa, estende-se banhada pelo quente mar Negro — e, com a sua situação geográfica privilegiada, o Inverno e o Verão podem encontrar-se à beira-mar: em Krasnaya Polyana o final da Primavera pode ser repartido entre as pistas de esqui e a areia da praia.

mais Fugas | Rússia

Nova Orleães

Se é comum dizer que há Nova Iorque e os Estados Unidos, nos Estados Unidos há Nova Orleães e o resto dos Estados Unidos. Aliás, em termos de cidades alienígenas na tapeçaria norte-americana, Nova Orleães está muito à frente da Big Apple. É a big easy; é original, ponto final. A sua história crioula de alma e coração dá-lhe um charme único, mistura de Europa, África, Caraíbas ali num canto do sul americano — geográfico e mental. Esse canto geográfico é um dos seus pontos fracos e o furacão Katrina deixou uma vez mais exposta a fragilidade da cidade do Louisiana. Esse canto mental, sulista mas pouco, empresta-lhe o encanto que atravessou séculos e que (quase sempre) lhe garantiu a “gentileza de estranhos”.

É inevitável citar a inesquecível Blanche du Bois que em Nova Orleães apanha “Um eléctrico chamado desejo” no texto de Tennesse Williams. Faz parte do imaginário colectivo da cidade (a escritora Ana Teresa Pereira ainda recentemente o visitou em As Longas Tardes de Chuva em Nova Orleães) como faz parte o seu Mardi Gras, carnaval que é a súmula de toda uma cultura. E se falamos em Nova Orleães como destino para 2014 é porque o carácter estóico dos habitantes e a tal gentileza de estranhos lhe garantiram mais uma vez o renascimento, qual fénix mas a erguer-se das águas. Um bom motivo para redescobrir uma cidade fascinante, com uma histórica e uma cultura riquíssimas. É o local onde o jazz nasceu e o cajun floresceu, na música, na comida, na fala. Seja no tradicional French Quarter ou no reabilitado Tremé (que até virou cenário de série televisiva), seja nos cemitérios assombrados ou nos parques à beira do Mississipi, Nova Orleães é sempre uma surpresa.
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Nova Zelândia

Ninguém vai à Nova Zelândia ao engano — mais que não seja, porque é uma viagem demasiado longa para equívocos. Nos antípodas de Portugal, o país é (quase) cem por cento natureza, cem por cento pura. É ideal, portanto, para amantes de actividades ao ar livre, mais ou menos radicais — bungee jumping (que começou aqui) ou pára-quedismo, trekking ou observação de aves (ou baleias, golfinhos), exploração de glaciares ou vulcões, esqui em extensos vales e relaxamento em fontes geotermais —, que encontram em Wellington (a capital) e Auckland cidades cosmopolitas e acolhedoras. É assim a Nova Zelândia; é-o muito mais na ilha do Sul (Te Waipounamu, no maori indígena), a mais selvagem e menos habitada; é-o mais na costa ocidental, que tem vindo a ser “descoberta” por viajantes incansáveis em busca de maravilhas naturais — uma espécie de wild west sem armas ou cowboys.

O governo do país está atento e em 2014 os amantes dos great outdoors têm um motivo extra para visitar esta região, que tem 90% da sua área protegida em parques naturais: a abertura de duas grandes rotas de ciclismo e caminhadas, que vão passar pelo cabo Foulwind, famoso pela colónia de focas, por lagos cristalinos, florestas antigas, glaciares e pequenas aldeias perdidas. Cenários abismais nesta parte do país que entra em território património da humanidade e se estende desde os picos dos Alpes do Sul até praias remotas no mar da Tasmânia, entre maravilhas geológicas e fauna e flora raras.


Hunan

Podemos pensar porque levou tanto tempo para os responsáveis chineses se voltarem para Hunan — em 2014 será inaugurado o maior arranha-céus do mundo, o Sky City (10 metros mais alto do que o Burj Khalifa) na capital da província, Changsha, e, menos vistoso para o mundo mas muito importante para a colocar no mapa chinês, uma série de ligações de alta-velocidade. E a nossa dúvida inicial deve-se a dois motivos essenciais: por um lado, Hunan é o berço de Mao Zedong (Mao Tsé-tung, que nasceu em Shaoshan), por outro a sua natureza pródiga coloca-a entre as regiões mais bonitas da China. A isso ainda podemos acrescentar a fama da sua gastronomia, uma das mais apreciadas no gigantesco xadrez chinês.

No Sul do centro do país, Hunan sempre foi conhecida pela beleza natural, uma tela na qual se desenham montanhas, rios (incluindo o Yangtze, o terceiro mais longo do mundo), antigas cidades e névoas perenes que lhe emprestam uma atmosfera encantada daquelas que se encontram nas pinturas tradicionais chinesas. Imagine-se uma floresta de pessegueiros ou uma ilha de laranjas — Hunan tem. Como tem cidades históricas (como Fenghuang, 1300 anos, ou Hongjiang), montanhas com florestas, bambus, flores e suaves ravinas embrulhados em nevoeiros (Monte Heng) ou com rochas vermelhas de formas caprichosas e abismos (Mont Lang), lagos envoltos em mitos (Dongting) e vigiados por torres famosas (Yueyang, com origem no século III), cordilheiras (Tianzishan) que se juntam a parques nacionais (Zhangjiajie) e a vales (Suoxi) para compor cenários de bosques, rochas, desfiladeiros, grutas que são património natural da humanidade (Wulingyuan), sítios arqueológicos com mais de 2200 anos (Mawangdui)… Mais um recanto do gigante chinês que se prepara para despertar.

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Malásia

Colocou-se na boca do mundo quando a sua capital deixou crescer os maiores edifícios do mundo: entre 1998 e 2004, as Torres Petronas foram os edifícios mais altos do mundo; permanecem como os edifícios gémeos mais altos do mundo, quase cenário de ficção científica, com a ponte a uni-los entre os andares 41 e 42. A Malásia não é uma desconhecida na rota dos globettroters mas este ano tem as expectativas altas. O país asiático espera atingir os 28 milhões de visitantes e vale-se para isso de uma série de novas atracções, que serão servidas por um segundo terminal no aeroporto de Kuala Lampur. O maior parque ornitológico do sudeste asiático, com seis mil aves de 400 espécies, em Malaca (cidade património mundial da UNESCO), e, para crianças pequenas e grandes, a Legoland Malásia e a Hello Kitty Land, em Nusajaya, são os cabeças de cartaz deste ano de novidades.

Em equilíbrio entre a modernidade e a tradição, a Malásia oferece-se cheia de contrastes, que começam logo na sua geografia complexa — basicamente dois territórios separados pelo Mar do Sul da China: o continental e o insular (uma porção da ilha do Bornéu). De densas selvas (Parque Nacional Taman Negara ou o Parque Nacional de Kinabalu, na ilha do Bornéu, a oscilar entre florestas e o ponto mais alto do país) a praias paradisíacas (Kuching ou Sandakan), de cidades históricas (Georgetown e Malaca) e coloniais (Ipoh) às ousadias arquitectónicas da capital, de templos budistas com sumptuosas cúpulas douradas a ilhas edénicas (como o arquipélago de Langkawi, geoparque mundial da UNESCO). A Malásia é tudo isto mais a hospitalidade malaia — em casa do outro lado do mundo.

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Madagáscar

É a quarta maior ilha do mundo e um paraíso natural que lhe vale epítetos como “arca de Noé”. Afinal, cinco por cento de todas as espécies animais e vegetais do mundo apenas existem em Madagáscar — o seu habitante-bandeira é o lémure, uma espécie de símio que gosta de sair à noite. É um destino para amantes da natureza que aqui encontrarão diversidade impressionante em cenários majestosos: da floresta tropical ao deserto, das ilhas às barreiras de coral.

No oceano Índico, a vida em Madagáscar tem sido conturbada desde o golpe de estado de 2009, mas as eleições presidenciais deste ano (segunda volta em Dezembro) prometem apaziguar os ânimos e voltar a colocar o país-ilha nas rotas mundiais. Antananarivo poderá voltar a receber viajantes de todo o mundo sem constrangimentos, com a sua agitação habitual — vendedores por todo o lado (com tudo, de frutas a equipamentos electrónicos) — e com o desafio permanente da sua topografia — a altitude média da capital é de 1400 metros mas atinge picos de 2643. Valham-nos umas boas pernas e bons pulmões!

Fora da capital, as deslocações não são fáceis, mas são compensadoras. O turismo sustentável é uma aposta assumida em territórios que abrangem parques nacionais com raríssimos visitantes, cinco mil quilómetros de praias, mais 250 ilhas e um punhado de hotéis recônditos mas de classe mundial. Os mergulhadores poderão penetrar em navios afundados (este foi um refúgio de piratas), quem fica de fora tem praias desertas e tartarugas pachorrentas. No todo, um país vibrante e invulgar, onde o relaxamento está sempre ao virar da esquina.

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