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Kosovo: Pristina, uma rainha sem coroa

Na avenida principal de Pristina, a avenida Madre Teresa, todos os dias, sem excepção, reúnem-se diversos negociantes de livros em pequenas bancas. Contudo, a maioria é em segunda mão, em más ou desactualizadas edições. É um bom sítio para quem procura clássicos. Mas e livrarias? “Boa, boa, só temos uma”, diz Besarta. A Livraria Dit e Nat (em português, Dia e Noite) é um dos poucos sítios em Pristina onde se pode encontrar literatura estrangeira e nacional. Oferece produção literária do país, relatórios etnográficos, documentários do conflito e fotografia contemporânea – é o sitio onde é possível encontrar toda a informação para quem quiser aprofundar o conhecimento do Kosovo.

Voltemos ao campus universitário: no mesmo espaço pode-se ainda encontrar uma galeria de arte contemporânea do Kosovo, que recebe diversas exposições itinerantes. Na sua maioria, pertencem a artistas contemporâneos locais ou albaneses. Em Outubro de 2013, quando o jornalista a visitou, estava exposta uma série fotográfica de diversos autores internacionais sobre o dia-a-dia dos cidadãos kosovares. Do Norte ao Sul do país. Estavam também presentes três vídeos da performer sérvia Marina Abramovich e do seu companheiro no início de carreira, Ulay. Nenhum folheto informativo especificava a nacionalidade da artista.

Ao sair do campus pela lateral direita, encontramos a avenida Bill Clinton. No início desta, um dos monumentos mais icónicos e contemporâneos do país: o monumento NEWBORN. Está cravejado de assinaturas e dedicatórias, rodeado de esplanadas. Foi inaugurado em 2008, no dia 17 de Fevereiro, para simbolizar a proclamação da independência do Kosovo.

Fisnik Ismaili, um ex-membro do KLA (Kosovo Liberation Army), é agora o director de uma prestigiada companhia de design nos Balcãs. Foi ele quem desenhou o monumento. O designer encontra-se com a Fugas para um café. “Estou triste com o que aconteceu ao NEWBORN. Foi vandalizado tantas vezes que este ano voltámos a pintá-lo, desta vez com as bandeiras dos países que já reconheceram o Kosovo”, diz Fisnik, sentado numa esplanada nas traseiras do monumento. Pensativo, dá uma baforada no cigarro e com ar melancólico acrescenta: “É a imagem do que aconteceu a este país desde a sua independência. Os estrangeiros podem estar cá a tentar pôr as coisas em ordem, mas, mesmo assim, tudo está a mudar muito lentamente.”

Que devemos ver mais?, pergunta o jornalista. “A avenida Madre Teresa é o sítio mais interessante para os turistas. E para nós também.” Seguimos a dica.  Logo no início da avenida encontramos o Grand Hotel, com uma classificação de cinco estrelas. Já não parece ter o mesmo vigor de outrora. Nos tempos jugoslavos  considerava-se la crème de la crème dos hotéis no Kosovo. Hoje, a quinta estrela no exterior do edifício está fundida e o nome do hotel na fachada exterior já perdeu caracteres.

Na avenida Madre Teresa de Pristina somos sugados pela vida. Polvilhada de cafés, restaurantes, bancas de livros, feiras de produtos tradicionais e ainda estátuas monumentais: Zahir Zapaziti, um herói do conflito de 1998-99, a Madre Teresa de Calcutá, nascida na Macedónia, mas “emprestada” aos devotos do Kosovo. Há ainda Skanderberg, o famoso guerreiro da batalha do Kosovo, e Ibrahim Rugova, o primeiro presidente do Kosovo, falecido em 2006.

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