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Kosovo: Pristina, uma rainha sem coroa

A Pristina contemporânea encontra-se totalmente adaptada ao estilo de vida americano. E aos seus bolsos. Um exemplo? A alimentação. O que para um estrangeiro pode ser um preço irrisório, para um local é caríssimo. “Uma refeição por 2,50€ pode parecer muito barata para vocês (estrangeiros), mas é bastante cara para nós (kosovares-albaneses). O nosso salário mínimo é só de 300€. Os preços da cidade estão feitos para os estrangeiros”, explica Besarta Ramadini, estudante universitária. “Como existem tantos americanos no Kosovo, eles trouxeram muito dinheiro. Mas os também preços começaram a subir”, conta.

A nível político, não faltam histórias. Veja-se a eleição da actual presidente do Kosovo: “Entramos numa crise política, em 2011, quando o nosso ex-Presidente da República renunciou ao cargo, após ter sido provado que ele tinha manipulado as eleições. De repente vem o embaixador dos EUA, escreve num envelope o nome Atifete Jahjaga e entrega ao governo. Como é possível? Ninguém a conhecia, ela não tinha experiência política nenhuma. Ela era uma polícia, por amor de Deus. Não existiram eleições nenhumas”, conta Shkumbin Asllani, membro do  Center for Research, Documentation and Publication, uma ONG kosovar.  Foi assim que foi nomeada a actual presidente do país. Mas o sentido de humor ajuda a digerir a situação. “Nós gozamos e chamamos-lhe a presidente por envelope”, acrescenta Shkumbin.

Pristina tem tudo para ser um destino turístico, mas a cidade-rainha do Kosovo ainda não foi coroada como tal. É sitio estranho e assustador para muitos. Confuso. Imaginário de conflitos e revoluções. É uma cidade, um país, ainda a descobrir-se, onde as pessoas são a principal razão para  o visitar e regressar. Tal como no livro O estrangeiro, de Albert Camus, o Kosovo parece “aquele que não era suposto existir.” Talvez seja esta a essência do país, estranho aos seus próprios cidadãos. Descontextualizado das suas vidas, onde turistas e locais parecem fazer parte de uma grande peça de teatro chamada vida.

Guia prático

Como ir

Voar para Pristina a partir de Portugal implica sempre uma escala. A TAP, em parceria com a Austrian Airlines, faz três ligações por semana entre Lisboa e Pristina, passando por Viena. Os preços de ida e volta rondam os 600 euros. A opção mais em conta e com voos diários será a da Turkish Airways: Lisboa-Istambul-Pristina. Ida e volta, em época baixa, pode ficar pelos 450 euros, enquanto em época alta os preços rondam os 700 euros. Para quem tiver tempo, a escala em Istambul pode ser prolongada facilmente até três dias. Não é necessário qualquer tipo de visto para entrar no Kosovo, só passaporte.

Quando ir

O fluxo de turistas que acorre ao Kosovo não varia muito durante o ano. Porém, quem fizer questão de passar pelo país nos meses de Dezembro, Janeiro e Fevereiro, é bom que vá preparado para enfrentar a neve. Durante o Verão, existem imensas excursões pelas montanhas no sul do país, para os interessados. São grátis e acessíveis a todos, basta contactar a página Kosovo Hikings Trips no Facebook.

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