Fugas - Viagens

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Amazónia, a banda larga da natureza

Não deixa, porém, de ser interessante sentir esse acordar da floresta e do rio. Ouve-se um boto, o famoso golfinho cor-de-rosa, a mergulhar, mas ninguém o consegue ver. Mateus, o guia, vai desfiando conhecimento sobre a fauna amazónica, ao ritmo dos pássaros que sobrevoam o rio ou das perguntas curiosas de quem nunca esteve na selva. Fala da capivara, o maior roedor da Amazónia, do martim-pescador, o pequeno pássaro que agora faz um voo rasante ao rio. Vemos bandos de periquitos, caracará (um parente do falcão), papagaios e o famoso urubu, que bate a asas e em seguida plana fazendo inveja a um avião.

São os últimos minutos antes do regresso à civilização. É hora de voltar a Manaus, embora com bónus: uma boleia de hidroavião. Depois de sentir a floresta por dentro, temos oportunidade de a ver pelo ar. É o complemento ideal. Subimos aos 1000 pés de altitude e planamos suavemente a 200 quilómetros por hora. Vê-se a imensidão da floresta, apenas interrompida por rios e lagos. É um espectáculo natural de verde e água. E percebe-se na plenitude a razão de Ferreira de Castro ter descrito a selva amazónica como “essa majestade verde, soberba e enigmática”.


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Um rio, duas cores

Conselho de amigo para quem for a Manaus: se for de avião, viaje à janela. É que, na parte final do voo, se o tempo não estiver demasiado mau, terá oportunidade de apreciar uma paisagem única. Primeiro é todo o verde da Amazónia, entrecortado por rios de cores diferentes. E ao chegar a Manaus pode ter a sorte de o piloto dar a volta no rio, podendo apreciar (de um ângulo excepcional) o famoso Encontro das Águas, que é, a par do Teatro Amazonas, um dos locais mais visitados pelos turistas que se deslocam a Manaus. Um é obra do homem, o outro um capricho da natureza. O Encontro das Águas é de fácil acesso, mesmo para quem tiver pouco tempo na cidade, já que fica ao largo de Manaus.

O rio Negro nasce no hemisfério Norte, na Colômbia, enquanto o Solimões vem do hemisfério Sul, do Peru. Juntam-se ao largo de Manaus e não se misturam imediatamente, porque há grandes diferenças de temperatura e de velocidade entre os dois. O rio Negro é mais quente (24º a 28º, consoante as fontes) do que o Solimões (18º a 24º, conforme as fontes), além de ser também mais lento. A cor escura do Negro deve-se às matérias orgânicas e a cor barrenta do Solimões é dada pelas argilas que a água transporta. É curioso colocar a mão nas águas dos dois rios e sentir as diferenças de temperatura.

O fenómeno do Encontro das Águas prolonga-se por seis quilómetros, às vezes mais. Uma teoria defende que o rio Amazonas, o mais caudaloso rio do mundo e que o Brasil também reclama ser o mais extenso, se forma aqui, na junção do rio Negro e do Solimões. A outra diz que o Negro é apenas mais um afluente do Solimões, que antes de entrar no Brasil já tem o nome de Amazonas.

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A Fugas viajou com apoio da TAP, Amazonastur (secretaria de Turismo do Amazonas) e Juma Amazon Lodge

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