- Devagar, devagar, não chutem tanta força – sugere o rapaz da barraca, ansioso por oferecer um peluche de consolação.
- Jogam no Atlético de Madrid? – pergunto a um deles.
- É uma filial – responde-me, sorriso cabisbaixo.
Há vários jogos do género, basta tirar umas moedinhas do bolso, que nos parques temáticos, como na vida, os desafios são pagos à parte. Não resisto a, também eu, tentar a minha sorte. Três euros a troco de um lançamento livre. Se meter a bola de basquete no cesto levo para casa um cão gigante. Simples mais simples não há. Terei que despachá-lo no porão, coitadito, mas compensa a indelicadeza e a demora. Seria bem engraçado chegar a casa com um rafeiro madrileno debaixo dos braços e sempre poupava uns quinze ou vinte euros no presente da praxe.
Lançamento falhado, claro está, redondamente falhado. Não há cá cão para ninguém.
As montanhas-russas
Vim pela praia, eu sei, já lá vamos, mas enquanto não abre o melhor é mesmo experimentar as montanhas-russas, até prova em contrário os grandes embaixadores dos parques temáticos. Há dois tipos de pessoas (há várias, na verdade, mas dá sempre jeito utilizar esta expressão): as que adoram adrenalina, gente corajosa que faz fila para enfrentar o perigo; e as outras, aquelas que dispensam andar de pernas para o ar a mais de 100 km/h. Ficam por norma, sentadas, a observar, a guardar os pertences dos aventureiros. Os adolescentes, corajosos por defeito e natureza, não entram nestas contas. Eu sempre me inclinei mais para o segundo grupo, ainda que, por uma questão de imagem e bom senso, nunca guarde os pertences de ninguém, mas desta vez arrisco. Já dei uma vista de olhos ao press release que a organização distribuiu pelos jornalistas convidados e fiquei a saber que, além de ter sido inaugurado oficialmente na Primavera de 2002 por Christopher Lambert e Bo Derek (!), o Parque Warner Bros Madrid ostenta desde 2006 o título de parque temático mais seguro de Espanha. Não é agora que vai acontecer alguma coisa, pois não?
Começo pela Coaster-Express, uma das atracções-estrela, enorme construção em madeira, a maior e mais larga na Europa com este material, capaz de atingir os 95 quilómetros por hora num percurso que vai para além dos mil metros. De lá de cima vê-se o mundo, prometem-me. Não é bem o mundo, mas é quase todo o Parque Warner Bros, vejo-o agora que abro os olhos por um instante, só um instante. Cerca de 700 mil metros quadrados, seis zonas temáticas (Hollywood Boulevard, Warner Bros Studios, DC Superhéroes World, Old West Territory, Cartoon Village e o novo Parque Warner Beach), 38 atracções, um mundo a meus pés, ainda que os pés e as costas tremam e sofram mais do que seria expectável. Não é medo, é mesmo da madeira. Tal como nos carros, quanto mais moderno é o modelo, maior é a sensação de segurança, mesmo que a velocidade seja superior. A Coaster-Express é isso mesmo, uma espécie de carro de colecção, um Mercedes antigo em que apenas podemos andar de quando em vez. Seguro, é claro, a segurança aqui não é uma brincadeira, já o disse, mas de outro tempo.