Fugas - Viagens

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Um raid uns furos acima por paisagens de sonho e caminhos algo rupestres

Não admira, portanto, que tenha sido na Guarda, a cidade mais alta do país, que arrancou o MB4ME 2014, com uma etapa nocturna que levou a caravana até aos montes dos arredores da cidade, por caminhos de terra íngremes, submersos numa escuridão e nevoeiro bons para testar a adaptação à leitura do road-book, para quem se estreava nestas andanças, e devolveu a comitiva inteirinha ao centro histórico da cidade, onde, aos pés da Sé e da estátua de D. Sancho I, aguardava o alcaide medieval, que guiou a comitiva por uma visita pela judiaria e algumas portas da muralha da cidade, numa recriação histórica em que participaram outros actores.

Bom passeio para esmoer o jantar (come-se muito, e bem, no MB4ME) e agradável e pedagógica distracção, antes do regresso ao Hotel Lusitânia para uma boa noite de sono, terão pensado os participantes novatos que daí a pouco descobririam o lado mais pérfido e sádico da organização: alvorada às 8h! Ou melhor, aliás, pior: todos com pequeno-almoço tomado e dentro dos carros, em ordem de marcha, às 8h de sábado! Quem chegou até ali, ao fim de uma semana de trabalho, vindo do Alentejo ou de Felgueiras, deve ter-se perguntado onde estava com a cabeça ao embarcar numa aventura tão espartana.

Ao fim do dia terá concedido que, se não fosse assim, não teria tido tempo para descer pelos socalcos até à Quinta da Ervamoira, para ali visitar o respectivo espaço museológico e saborear um cálice de Porto e figos diante de um vale deslumbrante, nem para subir ao monte de S. Gabriel, a 654 metros de altitude e uma vista verdadeiramente panorâmica, que nos convida a rodar sobre nós próprios para vermos todo o vale do Côa, os concelhos de Torre de Moncorvo, Meda, Trancoso, Pinhel, Figueira de Castelo Rodrigo, Freixo de Espada à Cinta e terras já de Espanha.

O CEL estipula horários espartanos mas oferece aos participantes mimos de epicurista. É graças à organização que no alto deste monte longe de tudo está uma roulote que oferece farturas acabadas de fazer, café e outras bebidas.

A etapa seguinte acabou com a descida à Canada do Inferno e com a visita, já com a comitiva repartida por grupos mais pequenos, às gravuras neolíticas, de cavalos, auroques e outras figuras, que o homem começou a fazer nestas rochas há 25 mil anos. Muito mais gravuras havia para ver a seguir, originais ou réplicas, no Museu do Côa, cuja arquitectura, só por si, já merece a visita. E, nutrido o espírito, alimentou-se o corpo, no restaurante do museu.

O granito da Guarda já dera há muito lugar ao xisto, cujos afloramentos mais pontiagudos nos caminhos começaram a atacar os pneus. A descida fez-se por estradas estreitas, com precipícios de lado, e a caravana acabou imobilizada quando um dos primeiros carros sofreu um furo, numa zona de ultrapassagem impossível. Foi o primeiro de quatro, que o dia ainda estava a meio: um recorde para o CEL.

Atravessados riachos e vencidas algumas curvas em cotovelo apertado, para fazer a dois tempos, a caravana visitou a Quinta da Leda, onde se produz o mítico Barca Velha. Tempo só para espreitar a vista do miradouro da adega moderna, que havia mais caminhos e obstáculos para vencer, por terrenos onde a vinha já dava lugar às oliveiras.

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