Fugas - Viagens

  • "Os lisboetas são munidos de grande ambiguidade e contradição", de "saudade" e "aventura", defende Joana Vasconcelos
  • "O eléctrico é um dos elementos sonoros do meu dia-a-dia", conta Rodrigo Leão
  • Alfama é um dos bairros típicos da cidade
    Alfama é um dos bairros típicos da cidade
  • "Fico sempre emocionada quando chego a Lisboa", confessa Maria de Medeiros
  • É nas diferentes camadas e cruzamentos que existem na cidade que Manuel Alves encontra
    É nas diferentes camadas e cruzamentos que existem na cidade que Manuel Alves encontra "a verdade de Lisboa"
  • Carminho canta a cultura do fado
    Carminho canta a cultura do fado
  • "Quem quer sentir a cidade tem de comer o tradicional e o contemporâneo", defende José Avillez
  • Vhils partilha a relação das fachadas lisboetas com o seu trabalho
    Vhils partilha a relação das fachadas lisboetas com o seu trabalho
  • Rita Sousa Tavares lança
    Rita Sousa Tavares lança "Show Me Lisbon"
  • "Show Me Lisbon" chegou este mês às bancas

Eles guiam-nos pela sua Lisboa 'fugindo ao cliché do postalinho, pois não vivemos o cartão postal'

Por Mara Gonçalves

Rodrigo Leão, Maria de Medeiros, Vhils, José Avillez, Joana Vasconcelos, Carminho, António Costa... Neste guia, "Show Me Lisbon" de Rita Sousa Tavares, quem nos leva pela cidade são 13 personalidades lisboetas.

O estilista Manuel Alves leva-nos pela “verdade de Lisboa”, escondida nos altos e baixos das sete colinas, nos jogos de sombra e de luz das ruas tortuosas, no cruzamento de vidas e estatutos sociais, que dão à capital portuguesa “o que o resto do mundo já perdeu”. O músico Rodrigo Leão guia-nos antes pelos sons que caracterizam a cidade, enquanto a modelo Ana Sofia Martins mostra a noite mais étnica, a cantora Carminho revela a cultura do Fado e o olisipógrafo José Sarmento de Matos e a actriz Maria de Medeiros contam a história de Lisboa.

O livro “Show Me Lisbon”, de Rita Sousa Tavares, é, antes de mais, um retrato da capital portuguesa feito através do olhar de quem nela vive: 13 lisboetas, por nascimento ou por opção, de diferentes gerações e profissões. Uma obra que quer mostrar o lado “dinâmico, descontraído e realista” da cidade, “fugindo ao cliché do postalinho, pois não vivemos o cartão postal”, defende. No entanto, assumia o actor Nicolau Breyner durante a sessão de apresentação (realizada a 11 de Dezembro na Casa do Alentejo), “é um livro que nos vai fazer gostar ainda mais de Lisboa, se é que isso é possível”.

Tal como a obra inaugural do projecto Show Me Cities, dedicada ao Rio de Janeiro, o livro lançado este mês reserva as páginas finais para um guia turístico, com cerca de uma centena de dicas reveladas pelos entrevistados. Um Insider's Guide que vem igualmente numa versão em desdobrável, com directório de moradas e mapa. Tudo em versão bilingue: português e inglês.

O objectivo, conta à Fugas a escritora e jornalista portuguesa, é que o livro “reflicta a cidade dos lisboetas”, não só porque são estes quem a conhece melhor mas também porque acredita que “as pessoas são a própria cidade [onde vivem]”, influenciando-se mutuamente. “São elas que nos ajudam a compreender a razão de ser de tudo o que se come, ouve, pensa, escreve, vê e sente. Um guia é sempre um reflexo. Elas, as pessoas, são o espelho”, explica na introdução.

Para a autora, este é um livro tanto para os próprios lisboetas – que podem aqui “voltar a viver alguns temas e locais” esquecidos na azáfama do quotidiano e descobrir novos sítios e perspectivas da cidade -, como para os turistas estrangeiros – que ficam “a conhecer a cidade através de quem a habita” e que vai, por isso, além do “turístico e do mainstream”, com referências a pormenores só captados por quem os vive, como “as tasquinhas, a própria maneira de viver a cidade, a noite, a importância da luz e do Tejo”.

É o caso do abandonado Restaurante Panorâmico de Monsanto, recomendado pelo artista urbano Vhils (Alexandre Farto) e que surpreendeu até a própria autora. “Tem uma vista tão ampla da cidade” e é “um edifício extraordinário, até mesmo pela arquitectura”, defende. Ou “os cabeleireiros étnicos, as tasquinhas indianas e angolanas” que descobriu na Mouraria pela mão do autarca António Costa. Ou as “casas onde se canta fado vadio até às 5h”. “Estão aqui muitas coisas que já não me lembrava ou que eu própria desconhecia”, conta.

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