Paralelamente, o Ateneu Comercial do Funchal recebe uma exposição de flores, que nasceu nos anos 1950 e mais tarde daria origem à Festa, enquanto no Largo da Restauração o mercado vende as várias espécies que se podem encontrar na ilha. Na Avenida Arriaga, os tapetes de flores criados para a ocasião homenageiam esta antiga tradição regional.
Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina
Entre os aromas a serra e a mar
O parque, criado em 1988, vai descendo o dorso robusto deste canto do continente, ao longo de 110 quilómetros de costa, desde a ribeira da Junqueira, em São Torpes, até à praia de Burgau, em Vila do Bispo, já cruzado o cotovelo de Sagres. São quase 130 mil hectares de área total, repartida entre o mar agreste, arribas escarpadas, falésias abruptas, pequenas linhas de areia e extensas praias, cabos, estuários, charnecas, sapais, profundos barrancos e pequenos serros, onde nascem cerca de 750 espécies de plantas, entre elas 100 endémicas, raras ou localizadas e 12 que não existem em mais local nenhum do mundo, como a biscutella vicentina, a cistus palhinhaea (esteva-de-Sagres), a centaurea vicentina ou a diplotaxis vicentina, cujas flores desabrocham ao longo da Primavera e vão rimando as cores coloridas com os aromas quentes do pinheiro, do eucalipto, do rosmaninho, da esteva, do poejo e dos tomilhos.
Entre o perfume da serra e o cheiro salgado do mar, os caminhos pedestres (incluindo a comprida Rota Vicentina) vão-se sucedendo e permitindo descobrir ainda algumas das aves que aqui nidificam, como a águia-pesqueira (última zona na Península Ibérica), o falcão-peregrino (o animal mais rápido do mundo), a rara gralha-de-bico-vermelho e a cegonha-branca, que aqui constrói os ninhos sobre os rochedos marítimos, único local do mundo onde se conhece este comportamento. É ainda a única zona de Portugal e uma das últimas da Europa onde se encontram lontras em habitat marítimo.
Reserva Natural do Sapal de Castro Marim e Vila Real de Santo António
A primeira reserva natural do país
No sobranceiro castelo de Castro Marim abrem-se as vistas sobre a vila, em anel circundante, as serras que lhe sobem as costas e, defronte, o rio Guadiana, banhado pelos canais da reserva natural, a primeira a receber tal classificação, em 1975. Ao longo do rio, que ali separa Portugal da vizinha espanhola Ayamonte, é um complexo rendilhado de sapais, salinas, estuário, pastagens, charcos e esteiras. O monótono bicolor de verde e castanho-claro enfeita-se na Primavera com o vermelho do mesembryanthemum nodiflorum, que cobre os taludes das salinas, cuja água salgada vai correndo o arco-irís em reflexos e perspectivas. Protegida dos aglomerados turísticos, é uma das paisagens mais bem preservadas do Algarve, convidando a passeios prolongados, a pé ou até de barco pelo fronteiriço Guadiana. A diversidade de aves é nesta altura menor, mas ainda assim nidificam aqui algumas espécies aquáticas, como o borrelho-de-coleira-interrompida, o pernilongo (símbolo da reserva), o alfaiate ou a andorinha-do-mar-anã.