Yves Decoster trocou a Bélgica pelos Açores porque no país onde crescera a vida se estava a tornar “muito materialista e muito egoísta”. E porque, ano após ano, sentia os Açores chamarem-no novamente. Aqui consegue ter todo o mundo que deseja e, ao mesmo tempo, aceder a “uma certa solidão” de que necessita no seu quotidiano. “Este é o sítio onde vou ficar. É aqui que vou morrer.”
Está em São Miguel há 26 anos e a ilha ainda tem segredos para revelar. “Ah, isto não acaba”, suspira. E depois conta-nos de um pasto em Salga, no Nordeste, por trás de uma igreja, por trás do cemitério. O mar, as falésias, uma pequena casa. Ao deparar-se com aquele cenário, disse para si mesmo: “Quero ficar aqui para o resto da minha vida.” Talvez pinte ali um coração.