Fugas - Viagens

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À noite, nos Clérigos

Num outro piso,as salas são dedicadas a Nasoni e aos mestres pedreiros que com ele construíram a igreja e a torre, sendo possível conhecer o estirador onde o arquitecto italiano deve ter passado muitas horas de trabalho.

Por fim, no terceiro piso, a Irmandade aproveitou para expor uma colecção doada por um benemérito, António Manuel Cipriano de Miranda. O Museu do Cristo, assim se chama a exposição, é composto por cerca de 400 exemplares de Cristos, que revelam as várias formas de o representar em vários lugares do mundo e usando vários suportes ( escultura, ourivesaria, pintura, tapeçaria).

Para uma criança deve ser impressionante entrar numa sala escurecida e ver tanta imagens de Cristos pregados na parede — mas a mesma criança que, ao ouvir a descrição de uma pintura reparou que nela constava uma serpente, ficou a repetir uns bons minutos “eu não gosto de cobras”, provou-nos que não. Uma sala com 400 Cristos não dá pesadelos a ninguém.

Findas as visitas à exposição e à igreja (e já depois de termos passado pelo Coro Alto para, também daí, termos uma belíssima perspectiva da riqueza e dos pormenores do espaço) é chegada, então, a altura de marchar quase 200 degraus (não nos enganámos — é que, com a entrada pelo museu, e a existência de um elevador até ao quarto andar, poupámos bastantes lanços de escadas) para finalmente ir apreciar a cidade do seu ponto mais alto.

Degraus acima, em caracol, mais ou menos apertados, o esforço físico vai sendo compensado pelas luzes que se começam a perscrutar cada vez mais lá em baixo. Uma janela aqui, uma outra acima, muitas voltas a girar para o mesmo lado, um pátio com sinos, mais uns degraus e uma outra janela, e de repente, já chegámos. Afinal não custa nada. E a paisagem lá em cima vale tudo.

No cimo da torre não dá para juntar o grupo todo para ouvir explicações — cada qual escolhe o ângulo, de entre os 360 graus que ali são oferecidos para contemplar a cidade. Para quem sentir muita falta das palavras do guia, pode descansar que diante dos olhos terá legendas, isto é, placas informativas a ajudar a localizar alguns dos pontos chave da cidade. Aliados e Câmara do Porto, Santo Ildefonso, Batalha, Sé do Porto e Paço Episcopal, Ponte Luiz I e Mosteiro da Serra do Pilar, Casario da Ribeira e caves de Gaia, e todo um Douro a espelhar as luzes.

Não é preciso cantar Rui Veloso para apreciar o casario a estender-se até ao mar. Fica a certeza de que vale a pena usar os dedos das mãos mais vezes para contar as investidas ao cimo da Torre. E a promessa de que ainda havemos de voltar cá acima no horário sunset. Temos até ao fim do Verão para isso.

Torre dos Clérigos Verão Fora D’Horas
Rua de São Filipe Nery, Porto
Informações e reservas
Tel.: 220145489
Email: 250@torredosclerigos.pt
Horario por do sol; 19h30-20h30
Horário nocturno: 21h30 - 22h30; 22h30-23h30
Preço por pessoa: 10€
Mínimo 25, máximo 40 pessoas (em grupos com mais de 25 pessoas o preço desce para 8€)

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