Fugas - Viagens

  • A Grand Place é a praça
principal da zona histórica de
Lille e tem um nome oficial
mais comprido: Place Charles
de Gaulle, em homenagem ao
general francês, que ali nasceu
    A Grand Place é a praça principal da zona histórica de Lille e tem um nome oficial mais comprido: Place Charles de Gaulle, em homenagem ao general francês, que ali nasceu Bruno Lisita
  • a sala de

exposições do 

Louvre-Lens;
    a sala de exposições do Louvre-Lens; Bruno Lisita
  • a sala de

exposições do 

Louvre-Lens;
    a sala de exposições do Louvre-Lens; Bruno Lisita
  • La

Piscine, em 

Roubaix;
    La Piscine, em Roubaix; Bruno Lisita
  • A praça

central de 

Arras
    A praça central de Arras Bruno Lisita

Multimedia

Mais

Ver mais

Continuação: página 2 de 6

França em quatro cidades reinventadas

“Morei vários anos fora e quando voltei a Lille, em 2000, a cidade tinha mudado muito”, recorda Virginie Dumoulin, do departamento de marketing do aeroporto de Lille. “Lembro-me que vinha a conduzir desde a Bélgica e liguei ao meu marido a dizer que já não conhecia nada, que estava perdida”, ri-se. “As fachadas foram todas renovadas. Era a mesma cidade, mas estava mais bonita e maravilhosa.”

É desta altura a conclusão da Catedral Notre-Dame de La Treille, um edifício neo-gótico tão inusitado quanto a sua história. O primeiro projecto, de imponência astronómica (e do qual existe uma maqueta no interior da igreja), data de 1854, quando começou a ser construído, de trás para a frente. As guerras e as dificuldades económicas que assolaram posteriormente a região refrearam as dimensões do edifício, mas a fachada principal só viria a ser concluída em 1999, num moderno e polémico projecto arquitectónico de Peter Rice. Por fora, a parede de placas de mármore português unicamente suspensas por cabos de aço dá-lhe um ar de ainda estar por concluir, mas, uma vez no interior da catedral, o mármore translúcido ganha tons de rosa e lilás e aquela obra de engenharia um novo encanto.

Seguimos as linhas negras sobre o chão cinzento — memória gravada a pedra dos canais de água que outrora serpenteavam a cidade — e terminamos o passeio na Place Charles de Gaulle (nome oficial da Grand Place, em homenagem ao general francês nascido em Lille). É a praça principal da zona histórica da cidade, palco de alguns dos seus principais monumentos. Vemos o campanário da câmara do comércio surgir atrás dos edifícios; lá ao fundo, espreitaremos por uma viela o outro campanário da cidade, junto à câmara municipal, que está inscrito como património mundial da UNESCO desde 2005 e cuja vistas desafogadas a 104 metros de altura merecem uma visita, garantem-nos.

Quando lá estivemos era, no entanto, o edifício do La Voix du Nord (onde, durante a ocupação alemã na Segunda Guerra Mundial, funcionou secretamente o jornal regional) que se destacava entre os restantes edifícios da praça, graças à instalação do artista JR, que cobriu a fachada com uma fotografia antiga que irá desaparecendo, exposta aos elementos, parte do Renaissance, o mais recente festival do projecto cultural Lille3000 (herança directa da Capital Europeia da Cultura) e que levou instalações de vários artistas internacionais aos principais monumentos e ruas da cidade (termina a 17 de Janeiro).

Minutos depois, entramos na Vieille Bourse, considerado pelos locais o edifício mais bonito de Lille, e deparamo-nos com outra instalação, feita de frutas gigantes e coloridas, que convivem momentaneamente com a habitual feira de livros e velharias sobre as arcadas do átrio interior. “Às vezes há pessoas a jogar xadrez e, no Verão, vêm dançar tango ao domingo à noite”, conta Agnès. Estamos a terminar a visita guiada quando toca um sino distante. “Oh!, que pena. Às vezes, entoam La chanson du p’tit quinquin, de Alexandre Desrousseaux, uma antiga canção de embalar que as mães cantavam no dialecto regional enquanto trabalhavam a seda.” E com um singelo pormenor voltamos por momentos à história da cidade, à mescla de culturas que lhe cose o espírito.

--%>