Selfies, obviamente
A primeira semana de abertura ao público foi uma surpresa: “Eu não estava preparado para que as coisas andassem tão rápido e que houvesse tanta gente interessada. Há muita gente a querer reservar”, refere Pedro Pardinhas. Por dia são feitas dez subidas entre as 13h45 e as 20h30, em grupos com o máximo de 13 pessoas. “Era importante cobrir o pôr do sol e, por isso, ter mais visitas ao fim da tarde. A luz é mais bonita e as pessoas apreciam mais”, acrescenta. Ou então para quem procura um final de tarde diferente, depois de um dia de trabalho.
No início da visita são recolhidos os telemóveis e as máquinas fotográficas para evitar “acidentes”. Já lá em cima são devolvidos para que os visitantes possam tirar dezenas de fotografias e de selfies, já que o momento merece ser eternizado. Alguns perdem-se entre conversas. Outros, simplesmente, perdem-se pela paisagem, como se estivessem suspensos pelos seus pensamentos.
João Oliveira vive na margem de Gaia e estava ali a subir a ponte no dia do seu aniversário. “Foi uma surpresa da minha filha e da minha mulher”, conta. Lá em cima, mesmo por baixo do tabuleiro onde, por dia, passam milhares de veículos, o ruído é quase inexistente. “Somos só nós e a paisagem. É bom estar cá, é mesmo como se fosse uma fuga”, remata o gaiense.
A maioria dos visitantes, cerca de 95%, é portuguesa. Os turistas vão aparecendo “por acaso” porque estão ali de passagem ou vêem as pessoas a escalar a ponte. Muitos vão aparecendo sozinhos, a pares ou em grupos de empresas e de amigos. A subida é permitida dos 16 aos 79 anos e a quem estiver disposto a pagar 9,50 euros de segunda a sexta-feira e 12,50 euros ao fim-de-semana.
“De baixo dá a sensação de que os arcos são mais estreitos”, constata Anabela Martins, estudante de Farmácia da Universidade do Porto que, com mais quatro amigos, resolveu subir a ponte ao final da tarde.”Valeu a pena. Fica a experiência”, remata Diogo.
“As pessoas são muito espontâneas”, observa Pedro Pardinhas. Há as que chegam com algum receio, mas ainda não houve ninguém que não tenha conseguido subir. “Há pessoas que sentem isto como a superação de um receio”, remata.
Também os amantes da engenharia se perdem pelos pormenores da ponte nos quais a maior parte das pessoas não repara. “Chegam pessoas que têm uma ligação afectiva à ponte porque estiveram aqui, tiveram familiares na sua construção ou porque os pais fotografavam isto regularmente”, refere Pedro.
Passaram 63 anos desde o início da construção da travessia entre as duas margens do Douro, que demorou sete anos para ficar concluída. O projecto de Edgar Cardoso incluiu um processo construtivo inovador para a época, com a utilização de um cimbre suspenso para fazer, na altura, o maior arco de betão armado do mundo, com 270 metros.
A subida da arcada vai poder fazer-se nos próximos dez anos, duração da concessão da ponte à Porto Bridge Climb. No total, foram gastos 30 mil euros no sistema de segurança, nas obras do anexo que vai servir de recepção, nas casas de banho e na comunicação da empresa.