Fugas - Viagens

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Coasteering?: “Não penses, salta”

A maioria dos participantes são casais, embora apareçam grupos de amigos e até pessoas sozinhas. Em termos de género, uma pequena surpresa: há mais mulheres do que homens a querer experimentar o coasteering.

Sagres, Figueira da Foz, Setúbal e Sesimbra são alguns dos locais onde se pratica esta actividade. Pedro e Marco têm em vista um percurso que pretendem inaugurar para o ano em Cascais. A partir daí, para Norte, é difícil porque o mar é perigoso. Por exemplo, o Guincho, o Cabo da Roca ou as encostas de Peniche e Berlengas são muito atractivas para os verdadeiros radicais que na Inglaterra inauguraram o coasteering, mas demasiado perigosas para nelas se comercializarem percursos organizados.

- Salta!
- Ai... isto é tão alto...
- Imagina que tens cães a correr atrás de ti.
- Sim, que tens um dragão a apanhar-te. Foge. Salta!
- Olha os gajos das finanças! Salta depressa.
- Força. Estamos à tua espera. Vem ter connosco.

O rappel nas escarpas, nadar num mar meio encrespado ao pé das rochas, escalar paredes na falésia, podem impressionar e provocar receios. Mas os saltos são claramente a origem de todos os medos.

Hesita-se, respira-se fundo, decide-se saltar, decide-se não saltar, olha-se para baixo, olha-se para a frente, olha-se para trás, faz-se tudo isso em segundos e de repente o vazio, o mergulho na água azulada e um triunfal e redentor regresso à superfície.

Tomás Domingos e Claudemira Pinto têm ambos 28 anos. Ele é militar, ela médica e é a primeira vez que praticam esta actividade. “Gostei muito disto. Senti um nervoso miudinho para saltar, até porque gosto mais de escalada na montanha do que na água, mas consegui”, diz Claudemira.

“Eu o que gostei mais foi vê-la saltar (risos). A sério, também gostei mais dos saltos porque o rappel já tinha feito nos exercícios militares”, diz Tomás.

João Santos, 31 anos, e Ana Mesquita, de 25, vieram, respectivamente, de Coimbra e Santarém e estão de acordo que o melhor de tudo foram os saltos. “Era o que eu tinha mais medo de fazer”, reconhece Ana. “Mas depois de ultrapassar o medo fica-se com vontade de repetir.”

Já Rita Rodrigues, 41 anos, psicomotricionista, diz que prefere o rappel. “O mais difícil foram os saltos. Gosto de desportos radicais e já fiz alpinismo. Adoro o rappel e o mais giro foi o rappel que acaba a meio e caímos na água,”

Para Sérgio Gomes, 38 anos, empresário, esta foi também uma primeira vez. “Na verdade já tinha feito estas actividades todas em desportos diferentes, mas assim tudo junto num só pacote foi uma estreia. As alturas assustaram-me um bocado. Apesar de eu achar que faço os desportos todos, descobri que as alturas não são a minha cena. Mas acho que isto está ao alcance de toda a gente e mesmo ao nível de segurança está tudo muito bem organizado.”

O tom de voz do monitor é calmo e confiante. “Não salte de cócoras. Mande bem o corpo para a frente e ponha a mão no capacete para não magoar a jugular ao entrar na água. Vá. É sem pensar. Não pense. Não olhe para baixo. Olhe para a frente e salte. Vá. Agora.”

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