Fugas - Viagens

  • Em Kinderdijk, teremos
diante dos olhos daqui a
algumas semanas o bilhete-
-postal de uma paisagem
gélida e branca, com os canais
convertidos em pistas
de patinagem
    Em Kinderdijk, teremos diante dos olhos daqui a algumas semanas o bilhete- -postal de uma paisagem gélida e branca, com os canais convertidos em pistas de patinagem
  • O universo
dos moinhos
holandeses
é extenso
e pitoresco
e estas
geringonças
tornaram-se
símbolos ou
algo muito
próximo de
um epítome
despojado
das típicas
paisagens
da região
    O universo dos moinhos holandeses é extenso e pitoresco e estas geringonças tornaram-se símbolos ou algo muito próximo de um epítome despojado das típicas paisagens da região
  • Kinderdijk
mostra-nos uns
engenhos datados
na maioria da
primeira metade
do século XVIII
    Kinderdijk mostra-nos uns engenhos datados na maioria da primeira metade do século XVIII
  • Kinderdijk
    Kinderdijk
  • Kinderdijk
    Kinderdijk
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    Kinderdijk
  • Kinderdijk
    Kinderdijk
  • Roterdão
    Roterdão
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Os moinhos que movem a Holanda

A atmosfera não é muito diferente da que nos oferece o congénere do Nederwaard, talvez até um pouco mais “convincente”: mobiliário em madeira e louça antiga de Delft, um moinho de café, um lampião novecentista, um fogão de sala negro como carvão, molduras com retratos, uma vetusta máquina de costura com belo ornato prateado, a tradicional alcova de madeira encastrada na parede, a cama desfeita e peças de roupa penduradas como se os seus habitantes voltassem daqui a nada.

Numa terra em que a água tanto é aliada como inimiga, não faltam histórias de inundações e de acontecimentos fantásticos - e quem será capaz de afiançar a sua inverosimilhança e atribuí-los apenas à imaginação popular? -, como o da famosa lenda de Kinderdijk. É uma narrativa simbólica das atribulações neerlandesas que justificaram a edificação dos moinhos, esta história do gato que salvou uma criança da fúria das águas mantendo o berço à tona – e daí vem o nome do lugar, Kinderdijk, que significa “o dique da criança”. No interior de um dos moinhos, lá está uma representação que evoca o berço e a petiz salva das águas.

Se na Primavera os pólderes se cobrem de flores e no Verão a luz se diverte em jogos de silhuetas, reflexos e contrastes, em breve o tempo invernal transformará os canais em populares pistas de patinagem. Em Kinderdijk, justamente numa época em que o belo cresce ao mesmo tempo que o temido e secular risco das inundações, teremos diante dos olhos daqui a algumas semanas o bilhete-postal de uma paisagem gélida e branca, com os canais convertidos em pistas de patinagem. É uma das mais bonitas e emblemáticas imagens da Holanda, com um tudo nada a fazer lembrar a pintura de Hendrick Avercamp, pintor seiscentista que retratou paisagens de Inverno ao estilo flamengo e que tem uma boa parte da sua obra exposta no Rijksmuseum, em Amesterdão. É uma imagem que pode ser colhida também nestes pólderes e canais de Kinderdijk.

Roterdão, cidade-laboratório

Um novíssimo Museu de Roterdão está instalado desde o início deste ano no Timmerhuis, um edifício polivalente desenhado por Rem Koolhaas, o arquitecto holandês que assinou o projecto da Casa da Música, no Porto. A visita a este espaço museológico é uma diligência útil para compreender uma cidade que desafina radicalmente face à maioria das cidades neerlandesas e que se viu, na sequência da II Grande Guerra e depois de uma massiva destruição, compelida a renascer das cinzas. Desde então Roterdão tem-se reinventado através de uma série de intervenções de estilos variados que transformaram a cidade num laboratório de experiências arquitectónicas, um cenário urbano em patchwork que articula projectos de várias décadas. Uma das três exposições, “De nieuwe stad” (“A nova cidade”), aborda precisamente essa dimensão através de um núcleo – “The City Lab” – que permanecerá aberto ao público até Maio de 2017.

Como complemento de uma visita a Kinderdijk, um roteiro arquitectónico por Roterdão oferece uma radical viagem no tempo. Ano após ano, o skyline futurista da cidade transforma-se com novas linhas e volumes, desde a península de Kop van Zuid, onde alguns edifícios têm a assinatura de arquitectos de renome mundial, até à zona pedonal de Lijnbaan, uma das primeiras artérias pedonais da Europa, e à área emergente de Katendrecht, passando pelas bem conhecidas Casa Cúbicas, pelo Kunsthal, um museu com vinte anos recentemente renovado, e pela icónica Ponte Erasmus.

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