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    Museu do Traje Rui Gaudêncio
  • Igreja Paroquial do Lumiar
    Igreja Paroquial do Lumiar Rui Gaudêncio
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    Paço do Lumiar Rui Gaudêncio
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    Capela de São Sebastião Rui Gaudêncio
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    Colégio Manuel Bernardes Rui Gaudêncio
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    Museu do Teatro Rui Gaudêncio
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    Parque Botânico do Monteiro-Mor Rui Gaudêncio

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As histórias esquecidas do Lumiar

Com os Duques de Palmela juntam-se — através de um casamento entre a herdeira do Palácio do Monteiro-Mor e o 2.º Duque de Palmela — os dois palácios (onde hoje ficam o Museu do Traje e o do Teatro) e o grande parque chamado do Monteiro-Mor, com 11 hectares e mais de 250 espécies botânicas, passou a unir as propriedades.

Quinta dos Azulejos

Dificilmente se encontrará em Lisboa uma quinta com mais azulejos do que aquela onde actualmente funciona o colégio Manuel Bernardes. “Foi mandada construir na primeira metade do século XVIII por António Colaço Torres, ourives e fornecedor da Casa Real”, conta a historiadora Inês Pais. Este faz um “jardim extraordinário” todo revestido a azulejos, “que se estendem a todas as superfícies, paredes, bancos, colunas”.

Só será possível visitar esta quinta nos dois fins-de-semana da Lisbon Week, altura em que o colégio está encerrado. Mas vale a pena porque é uma oportunidade rara para entrar naquele que, segundo se julga, o proprietário quis que fosse uma espécie de jardim do Paraíso.

“Há um pórtico com um medalhão onde está representado São Pedro com a chave do Paraíso”, prossegue Inês Pais. “Daí que se pense que a ideia seria a de tentar criar um paraíso na Terra.” Os painéis de azulejos representam cenas nobres e galantes, algumas campestres, outras bíblicas ou mitológicas. “Tem um lado muito enciclopédico daquilo que era o saber no século XVIII. É um exemplo interessante da cultura europeia da época transposta para uma técnica muito portuguesa que é a do azulejo.”

Quintas das Conchas e dos Lilases

“A Quinta das Conchas era a maior de todas as que existiam no Lumiar”, refere Sarmento de Matos. “No palacete principal, onde funciona agora a Junta de Freguesia, ainda se pode ver um portal manuelino.” Teve, ao longo do tempo, vários proprietários, sabendo-se que era, já em 1520, um morgadio pertencente a D. Afonso Torres, um rico negociante de origem espanhola.

Outro dos proprietários que ficou na História foi D. Francisco Mantero, nascido em Cádiz, mas que se casou em Lisboa e que se tornou um dos grandes exploradores das roças de café de São Tomé.

Comprou inicialmente a Quinta dos Lilases, na qual restaurou e ampliou a casa, dando-lhe um carácter de mansão colonial e, em 1897, comprou a parte rústica da Quinta das Conchas. Na sua nova propriedade, no centro de um grande lago artificial, mandou fazer duas pequenas ilhas nas quais plantou palmeiras, numa homenagem, em pleno Lumiar, às ilhas de São Tomé e Príncipe. Usou também a arquitectura do ferro e do vidro, em voga na época, para construir um jardim de Inverno.

A Francisco Mantero está associada uma lenda segundo a qual uma das suas casas estaria assombrada pelo fantasma de uma jovem que, tendo sido trazida de São Tomé, teria depois sido presa e enlouquecido. A história parece não ter qualquer fundamento, afirma Inês Pais, segundo a qual os descendentes de Francisco Mantero explicam que havia de facto uma jovem que viveu noutra área da propriedade mas apenas porque durante um período esteve doente e nessa zona podia beneficiar de melhores ares.

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